Hoje, a convidada especial Ana Paula Santana (@AnaDeSant) irá fazer seu relato de amor ao Palmeiras.
Estou aqui recordando de quando o meu amor ao Palmeiras se fez valer, e foi na dor que o senti com mais intensidade, preferia que não fosse assim, mas foi como ele se apresentou para mim.
Estou aqui recordando de quando o meu amor ao Palmeiras se fez valer, e foi na dor que o senti com mais intensidade, preferia que não fosse assim, mas foi como ele se apresentou para mim.
Nasci no período em que o Palmeiras estava na fila, jamais havia sentido o gostinho de comemorar um título, nem mesmo pela seleção brasileira que também há tempos não ganhava uma copa do mundo.
Passei tempos difíceis na minha infância, onde parentes e amigos tentavam fazer com que eu mudasse de time, e me mantinha firme, forte e resistente. Na escola, existia uma minoria palmeirense, e eu aguentava bravamente as piadas, enquanto os outros comemoravam títulos.
No ano de 1992 já havia indícios de que o título viria brevemente, pois o Palmeiras em conjunto com a Parmalat estavam montando um time digno de uma seleção. Até que chegamos em 1993, e a luta pelo título do campeonato paulista foi iniciada, com jogos de qualidade, belos lances e gols memoráveis, era praticamente impossível não acreditar que seriamos campeões.
A cada jogo que passava, a minha fé aumentava, era como se eu estivesse saindo de um poço bem fundo, nessa fase eu me senti o Batman ressurgindo (como sou fã não pude deixar de comparar) e cada vez com mais esperança.
E então chegamos a primeira partida da final, fiquei em casa e o meu pai foi ao Morumbi com parentes e amigos, lembro-me dele ao retornar, falando do estádio lotado e dos caras jogando saquinhos de mijo na cabeça do povo (risos). E sofremos aquele gol do Viola que saiu imitando o porco de maneira pejorativa, e ele e toda a "nação corintiana" acreditaram que tivessem nos exterminado, ledo engano.
Ao acabar aquele primeiro jogo, senti tristeza (óbvio), além do ódio e repugnância ao ato do jogador, mas eu assim como a torcida e toda a equipe palmeirense transformamos aquele ato depreciativo em força, tivemos a gana alimentada e de uma maneira positiva. O Luxemburgo soube trabalhar muito bem isso com os jogadores, aquele gol que nos esmureceu foi usado para motivá-los.
Na segunda-feira fui à escola vestida com uma blusa de lã, verde e branca, e um colar que eu havia feito do Palmeiras, cheguei ao pátio de cabeça erguida, mostrando quem eu era, ouvi todos os tipos de piadas possíveis e inimagináveis, resisti bravamente as provocações, e a cada dia que passava a certeza de que a taça seria nossa somente aumentava.
E na noite de sexta para sábado sonhei que o Palmeiras ganhava de 3 a 0 do Corinthians (depois do jogo falei pro meu pai que não havia sonhado com o gol na prorrogação), e após esse sonho fiz a minha mãe comprar tintas guache pra eu pintar o rosto de verde e branco.
Finalmente chegou o dia 12 de junho de 1993, mal consegui dormir, o coração acelerado, o meu rosto queimando e aquela tinta na cara. Nesse jogo o meu pai não foi e ficamos em casa, e então começa o jogo e o Palmeiras mostra a sua superioridade em campo, e a fé só aumentava, até que o Zinho fez o primeiro gol, nesse momento eu pirei! Saí gritando pela casa "É CAMPEÃO!" pela primeira vez, entrei em delírio, senti alívio, tudo ao mesmo tempo. Com aquele 1 a 0, já me vinha a certeza de que o arquirrival não viraria mais o jogo, e assim aconteceu. Vieram o 2º, o 3º e o 4º gol na prorrogação, e foi o dia mais sensacional da minha vida no futebol! Fiquei em estado de graça, pulava, gritava, cantava, soprava a corneta, balançava a bandeira, sorria, chorava e não me cansava de repetir "É CAMPEÃO! É CAMPEÃO! É CAMPEÃO!".
No dia seguinte pelas ruas, e na minha escola somente via Palmeiras, cheguei em êxtase, todos os palmeirenses comemorando (tsunami verde em ação devastadora), e os rivais chorando com todas aquelas desculpas e mimimis. Desculpem-me, mas ganhar daquele time de 1993, era quase impossível, ele tinha qualidade técnica superior aos rivais, além da raça comprovada em campo. Ali eu tive a certeza que o meu amor ao Palmeiras era eterno e permaneceria com insucessos e glórias!
O Palmeiras é aquele que apanha muito, nível Muhammad Ali, mas quando bate é nocaute e a vitória torna-se inesquecível e ainda mais gloriosa aos olhos de quem é palmeirense, e de quem o respeita de verdade.
Obrigada, Palmeiras! Feliz 99 anos! Seguimos firmes rumo ao centenário!
1 comentários:
Emocionante! :')
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