Nova revisão no elenco

Pela terceira Copa do Mundo seguida que agradecemos a longa pausa que o torneio proporciona para correções de rota. Na primeira, a pausa foi vital para fugir da degola, na segunda, aguardávamos a readaptação de Felipão para que ele pudesse enterrar de vez o ano de 2009 e dessa vez, em situação similar à de 2010, aguardamos a adaptação de Gareca e a chegada de reforços para posições carentes do elenco para que o time saia da metade da tabela e brigue pelos títulos de 2014 enquanto há tempo.

Esse "checkpoint" nos permite uma nova reanálise do elenco para a metade final do primeiro turno. Hoje, estamos a seis pontos do líder Cruzeiro - perder para Chapecoense e Botafogo atrapalhou muito nossos planos. Vamos ao desempenho de cada atleta e o que é necessário em cada posição:

Goleiros:

Ao que parece, voltamos a ter uma certa tranquilidade nessa posição. Prass se contundiu novamente, mas Fábio assumiu bem a posição e ganhou a confiança da torcida. Bruno, por sua vez, jogou apenas meio tempo e foi um dos responsáveis pela derrota ante ao Flamengo. Preterido, Bruno deve sair de vez.

Fernando Prass (20 jogos) - Continua sendo um dos líderes do elenco e o capitão desse time. Se contundiu na partida contra o Flamengo e deixou a torcida consternada, mas em forma e livre de contusões é uma muralha que confiamos até de olhos fechados. Titular absoluto, mesmo com a ascensão de Fábio.

Bruno (4 jogos) - Finalmente a era dele terminou no Palmeiras. Não passa confiança para a defesa, não intimida o ataque adversário e passa muito medo para a torcida. Já anunciou que não pretende continuar, mas sempre respeitou o Palmeiras, então, boa sorte para o torcedor Bruno, mas longe da nossa meta.

Fabio (8 jogos) - Chegou a vez de Fábio. Com a contusão de Prass e com Bruno caindo em desgraça definitiva, coube ao outro oriundo da base a missão de proteger a meta. Os esquemas "kleinisticos" (que persistiu com Alberto) baseado em improvisos deu a chance de Fábio brilhar, garantindo pontos importantes para o Palmeiras nesse campeonato, especialmente contra o Vitória. Com ele de opção, já podemos ficar mais tranquilos em relação a nossa meta.

Vinicius (0 jogos) - Atual terceira opção, provavelmente não o veremos esse ano.

Laterais:

O nosso lado direito continua sendo um dos pontos fracos do elenco e a luz vermelha pisca desesperadamente clamando por reforço nessa posição, ninguém aguenta mais o Wendel. Na esquerda, Juninho enfim perdeu seu lugar e William Matheus assumiu a posição de maneira satisfatória.

Wendel (24 jogos) - Não dá mais. Desde 2007 ele mostra que não serve para a posição e desde então nos irrita. Quando achamos que ele saiu de vez, ele ressurge e volta a nos irritar. O apoio dele é deficiente e a defesa está pior do que nunca. Não serve nem para a reserva, mas atualmente é titular absoluto.

Juninho (21 jogos, 3 gols) - Até fez bons jogos na temporada, mas voltou a mediocridade habitual no Brasileirão e finalmente perdeu espaço para William Matheus. Anunciou que não quer mais jogar aqui, mas se reapresentou com o elenco e por isso colocamos ele na análise. Imaginamos que será uma surpresa se entrar em campo novamente com a camisa verde. Vai tarde, Pampers.

William Matheus (11 jogos, 1 gol) - Se no Paulistão ele foi reserva com um desempenho apenas "ok", no Brasileiro assumiu a titularidade e fez boas partidas, estando seguro na defesa e apoiando de maneira mais incisiva do que o antigo camisa 6.

Victor Luis (3 jogos) - Entrou como substituto em um jogo que pouco valia no Paulista e apareceu novamente por mais duas ocasiões no Brasileiro. Novamente, não deu para observar nada, mas continua disponível no elenco.

Recentemente tivemos a notícia que os jovens Leo Cunha (lateral direito) e Matheus Muller (lateral esquerdo) foram incorporados ao time profissional por Gareca. Vamos torcer para que nas mãos de nosso novo comandante - famoso por usar bem as categorias de base - os novos jogadores cresçam e se tornem opções úteis para o plantel.

Zagueiros:

E o xerife segue firme.
Foto: Jardel Costa/Futurapress

E a saída do Henrique foi mais sentida do que esperávamos. O zagueiro que hoje está disputando a Copa com a seleção brasileira deixou uma lacuna que não foi preenchida no primeiro semestre, tanto que em muitos jogos tivemos Marcelo Oliveira improvisado e o resultado foi desastroso - sofremos dez gols no brasileiro até o momento. A chegada do argentino Fernando Tobio, oriundo do Velez Sarsfield e com boas referências anteriores, pode ajudar a recomposição da defesa.

Lucio (28 jogos, 1 gol) - Apesar de ter apenas 28 jogos com a camisa do Palmeiras, o histórico vencedor, sua vontade de continuar vencendo e sua liderança o coloca no patamar dos atletas mais confiáveis do elenco. Foi o segundo jogador que mais disputou partidas nessa temporada (atrás apenas de Marcelo Oliveira) e foi um dos raros focos de segurança do time no vão que separou o início do Brasileiro e a parada da Copa. Titular absoluto.

Tiago Alves (11 jogos) - Homem de confiança de Kleina, mas que não convence mais a torcida. Caiu em desgraça após exibições ruins e nunca mais foi escalado após a saída do treinador pastelão, sendo deixado de lado até pelo improvisado Marcelo Oliveira. Ainda está no elenco, mas deve sair.

Wellington (10 jogos) - Apesar de ter iniciado bem essa temporada, estranhamente ficou de fora de muitos jogos, sendo preterido por Marcelo Oliveira improvisado. Quando o volante voltou para a posição de ofício, Wellington foi escalado e não foi mal. Estranho. Mas serve como opção.

Victorino (nenhum jogo) - Ainda não jogou. É seguro dizer um "fora" bem sonoro, afinal, como confiar?

Thiago Martins e Gabriel Dias são os que vieram da categoria de base e também não disputaram nenhuma partida nessa temporada. O primeiro se recupera de cirurgia e o segundo foi bem nas categorias de base e esperamos vê-lo em campo nas mãos de Gareca.

Volantes:

Outro que não sabemos qual que é.
Foto: Cesar Greco/Foto Arena

Era uma posição que não inspirava preocupação, mas no Brasileiro percebemos que devemos nos preocupar sim. Os nomes atuais tiveram um desempenho bem aquém do que gostaríamos e nos perguntamos quem viria para essa posição. França, que teve um desempenho razoável no Paulista e despontava como o melhor atleta da posição, saiu sem maiores explicações - deve ter acontecido algo muito sério, porque o futebol mostrado não foi ruim.

Marcelo Oliveira (29 jogos) - Marcelo Oliveira foi o jogador que mais atuou pelo Palmeiras nessa temporada - e isso não é um ponto positivo. Enquanto volante, fez sua função sem maiores problemas, mas na maior parte do tempo foi improvisado na zaga, tendo um desempenho muito abaixo da média e sendo responsável por muitos gols devido a sua lerdeza. É carismático e possui empatia graças a presença constante na TV Palmeiras, mas isso não é o suficiente para lhe garantir um lugar no time titular. Se muito, deve ser apenas opção no banco.

Eguren (10 jogos, 1 gol) - Entre a pausa pós-eliminação do Paulista e a parada da Copa, Eguren não realizou nenhuma partida. Seja por escolha do ex-treineiro por Josimar ou seja por estar concentrado com a seleção uruguaia. Apesar de cumprir sua parte com correção, nunca engrenou por aqui. Veremos se continua para o segundo semestre com Gareca ou se sairá de vez. Vendo as opções atuais, deve ficar.

Wesley (22 jogos, 4 gols) - Uma das peças remanescentes da espinha dorsal imaginada no início da temporada, Wesley teve uma queda brusca de rendimento durante o Campeonato Brasileiro, fazendo exibições bem abaixo do que já o vimos fazer e, por vezes, demonstrando empáfia em campo. Não sabemos se é a indecisão sobre permanecer no Palmeiras ou algum outro problema, mas do jeito que jogou essa temporada não dá. Gareca tem que chamar ele de canto e perguntar o que ele quer da vida.

Bruninho (1 jogo) - Jogou apenas uma partida e improvisado. Por ser constantemente preterido, dá para questionar a presença dele no elenco e o porque de ter sido contratado inicialmente.

Renato (10 jogos) - O volante Renato, outro oriundo da base, assumiu a posição de primeiro volante, mas seu desempenho não enche os olhos. Por muitas vezes ficou visível falhas na cobertura e a deficiência na saída de bola. Serve para compor elenco e só.

Josimar (8 jogos) - Uma das piores invenções de Kleina - e isso não é pouca coisa. Foi muito mal em todas as partidas disputadas e já desponta como forte candidato a ser lembrado como um dos piores volantes que já passaram pelo Palmeiras. Tem que voltar para o Inter correndo.

Meias:

Então Valdivia, decidiu o que quer da vida? 
Foto: Leandro Martins/Futura Press/Agência Estado - G.E.

Outra posição que precisamos analisar com mais carinho. Com Valdivia em campo, nossa armação é boa, mas como a presença dele não é constante, ficamos com problemas. De positivo, apenas a troca do péssimo Serginho pelo interessante Bernardo. Mas ainda é pouco. Caso Valdivia saia de vez, precisamos com urgência de um camisa 10 que orquestre as jogadas de ataque.

Valdivia (16 jogos, 4 gols) - Tecnicamente falando, é o craque do time e até jogou com mais frequência nessa temporada - algo que não aconteceu em quatro anos. Atualmente, está disputando a Copa do Mundo pela seleção chilena (o que talvez explique essa alta frequência), mas ninguém sabe se voltará para cá. Se voltar, que seja o Valdivia de 2014, constante e um dos líderes do time, mas tem que ver a motivação dele para o restante da temporada e se dá para confiar. Por tudo o que aconteceu nos últimos quatro anos, é difícil de confiar no atleta caso permaneça.

Mendieta (19 jogos, 3 gols) - Com a ausência de Valdivia (na Copa), Mendieta foi alçado para a condição de titular como meia-armador - algo que ele não é. Já havia demonstrado alguma qualidade em jornadas anteriores, mas está sendo queimado em fogo brando ao jogar em uma posição errada. A despeito da falta de mobilidade e de uma certa lentidão, como camisa 11 e puxando a marcação, já funcionou bem ao lado de Valdivia.

Bruno Cesar (11 jogos, 2 gols) - Uma pena que não vingou. Veio com badalação no início do ano, demorou para melhorar a forma física e se contundiu na primeira partida do time no Brasileiro. Ainda tem contrato até o fim do ano e pode mostrar alguma coisa na armação de jogadas. Seu conhecido arremate de longa distância também não foi utilizado nesses jogos que atuou. Veremos como Gareca o utiliza, mas pelo que mostrou até agora, não empolga.

Bernardo (3 jogos) - Contratado por empréstimo junto ao Vasco, Bernardo é uma bomba-relógio no elenco. Com bom chute e alta capacidade para chegar ao ataque, em outros clubes demonstrou habilidade de sobra para assumir a titularidade de qualquer clube grande, mas ao mesmo tempo mostrou ser um fio desencapado pronto para criar problemas. Até o momento, fez apenas 3 partidas, todas como substituto e em todas o time não demonstrava querer mais nada na partida, o que não dá para culpá-lo. Vamos torcer para que o sangue palestrino de sua infância fale mais alto e ele alie juízo com boas partidas.

Marquinhos Gabriel (19 jogos, 2 gols) - Também contratado esse ano, Marquinhos Gabriel tem a tendência de puxar as jogadas para as pontas, as vezes até fazendo o papel de segundo atacante. Com a ausência de meias, Marquinhos Gabriel foi bastante utilizado como titular e teve atuações oscilantes. Precisa ser mais regular e objetivo.

Felipe Menezes (9 jogos, 1 gol) - Achávamos que ele estava fora de vez, mas nos últimos jogos antes da Copa ele reapareceu. Até fez alguns bons passes e uma boa partida contra o Grêmio, mas seus chutes tortos irritam qualquer um. Se ficar, deve ser a última opção e olhe lá.

Mazinho (13 jogos, 1 gol) - A volta dele para o plantel foi outra invenção errada de Kleina. Apesar de ainda ter entrado como substituto por algumas partidas no Brasileiro, a sua presença no banco já é um indicativo de que as coisas estão erradas.

Outro jogador que subiu da base a pedido de Gareca foi o meia Juninho, que mostrou alguma habilidade nas categorias inferiores.

Atacantes:

O atual titular do ataque. Começou bem, mas será que é sempre assim?

Continua sendo uma posição muito carente. Perdemos um centroavante que era acima da média para nossos inimigos e ele não foi reposto - Henrique é apenas substituto. A posição de segundo atacante teve seus bons momentos com Diogo se firmando de titular.

Henrique (9 jogos, 5 gols) - Iniciou sua jornada com uma incrível média de 1 gol por jogo nos primeiros 4 jogos, mas assim como o restante do time, o "ceifador" perdeu o fôlego nos jogos finais do período pré-copa. Mostrou alguma estrela, um chute potente e um posicionamento correto, mas não tem tanta habilidade assim para fazer um pivô. Como opção é excelente, mas não pode ser considerado titular.

Leandro (18 jogos, 3 gols) - Continua sendo a maior decepção da temporada até o momento. Não dribla, não arrisca jogadas, não tabela e não arremata para o gol de maneira decente. E já o vimos fazer todos esses itens. Veremos se Gareca o recupera ou se ele vira banco de modo definitivo.

Diogo (15 jogos) - Assumiu a titularidade e vem se mostrando um dos jogadores mais voluntariosos do elenco nessa temporada. Além de saber o que faz com a bola nos pés quando está fazendo o papel de segundo atacante, ainda tem disposição para defender quando necessário. Fica a torcida para que as lesões que o atormentaram no Campeonato Paulista tenham ficado para trás em definitivo.

Patrick Vieira (8 jogos, 1 gol) - É um jogador intrigante, pois joga pelas laterais e tem habilidade suficiente para ser aproveitado como quarto meia ou segundo atacante, mas mesmo com contrato renovado, continua de fora do time. Talvez tenha vida nova com Gareca, vale a observação.

Chico (2 jogos) - Nas categorias de base foi bem em 2013, mas só agora foi incorporado ao grupo profissional do Palmeiras. Não teve tempo para mostrar muita coisa, mas na base mostrou ser um bom segundo atacante que descia bem pelas laterais do campo.

Miguel (4 jogos, 1 gol) - Ainda está no elenco, mas é estabanado, mal posicionado e mostrou que não serve. Deve sair.

Rodolfo (3 jogos) - Outro que pouco jogou e nada mostrou, sendo difícil de analisar.

O atacante Erik, outro oriundo da base, foi alçado ao profissional a pedido de Gareca.

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Precisamos com urgência: 
- Lateral direito que venha para ser titular;
- Zagueiro reserva;
- Segundo volante que saia para o jogo;
- Meia-armador titular
- Centroavante titular;

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Atual time-base: Fernando Prass, Wendel, Lucio, Fernando Tóbio, William Matheus; Marcelo Oliveira (Eguren), Wesley, Bruno Cesar e Valdivia (Mendieta); Diogo e Henrique.

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Agradecemos novamente ao sempre excelente Porcopedia pelo acervo de informações onde foi possível consultar o número de jogos e gols de cada atleta nessa temporada.

16/06/1999 - 15 anos da Libertadores

São Marcos, Arce (Evair), Júnior Baiano, Roque Júnior e Júnior; César Sampaio, Rogério, Zinho e Alex (Euller); Paulo Nunes e Oséas. Técnico: General Scolari. Isso sem contar outros que também fizeram parte da campanha, como Clebão, Galeano, Tiago Silva, Rubens Junior, Jackson, Velloso e outros. Heróis de um dos nossos maiores títulos da história - em alma, só perde para o Paulista de 93.

Aliás, alguns dos heróis de 1993 estavam lá e foram importantes, como Evair, que mesmo com a carreira se aproximando do final, ainda anotou um gol na final, como Zinho, titular absoluto e um dos líderes da equipe e, claro, César Sampaio, o capitão que levantou a taça da América.

Todos os jogos nessa campanha foram inesquecíveis, mas além da final, o que mais guardo na memória é a partida de volta contra o River Plate, os 3 x 0, o melhor jogo de um dos melhores camisas 10 de nossa história, o excelente (e o único desse time ainda em atividade) Alex. Ele fez chover naquela noite, fez uma das melhores partidas que vi um meia fazendo na minha vida.

Na verdade, não tenho palavras para descrever esse título, nada do que eu escreva fará justiça. Por isso fico com esse texto curto, e uma imagem que fala por si só. E claro, meu agradecimento eterno para todos os responsáveis por essa glória.

Em 16 de junho de 1999, há 15 anos, vocês pintaram a América de verde e branco pela primeira vez.

Heróis!

O grande herói!

O dia que vi o único gol do Armeration pelo Palmeiras

Ou, as histórias do Armero também envolvem muitos dias de chuva.

O carismático lateral esquerdo colombiano Pablo Armero está em estado de graça e não poderia ser diferente, afinal, marcar gol em uma Copa do Mundo é uma emoção diferente, um sentimento que poucos jogadores tem o privilégio. Ainda mais quando a Copa em questão é uma das mais empolgantes da história - definitivamente, a melhor que vi, pelo menos até o momento.

Ao mencionar o Armero, a torcida palmeirense e a imprensa rapidamente voltam a memória para uma cena: a insólita dança conhecida como "Armeration" (alusão ao bisonho hit de verão do ano de 2010 conhecido como "Rebolation") após o gol de empate no épico 4 x 3 que o Palmeiras aplicou no Santos do ascendente Neymar e o consolidado Robinho, na Vila Belmiro. Esse foi um dos raros jogos da péssima temporada de 2010 que lembramos com carinho. Também parecia que esse jogo seria o ponto de virada após a hecatombe sofrida ao final de 2009, mas ficou só na impressão mesmo.

Graças a esse gol do Armero na Copa, alguns amigos se empolgaram e disseram que ele foi queimado por aqui e outros se empolgaram ao ponto de pedir a volta dele de maneira séria. Eu discordo de todos eles, afinal, a minha memória da passagem dele por aqui não foi das melhores. De fato, a única coisa que diferencia ele de um Lúcio (o 3º melhor lateral do mundo) e o Leandro Bochecha, é o excesso de carisma. 

Armero desembarcou na Rua Turiassu em janeiro de 2009 substituindo Leandro, citado no parágrafo anterior. Fez uma boa estreia em uma terça chuvosa no Palestra Itália, contra o Marília (jogo que me lembrarei mais do Lenny desencantando após um ano na seca). Mesmo com um campo encharcado que era prejudicial para o jogo dele, a impressão inicial foi boa e não demorou para ele assumir a seis em definitivo e ser o lateral de confiança na Libertadores daquela temporada. Tinha a tendência de tomar as decisões erradas e muitas vezes saía com bola e tudo, mas ainda não comprometia a defesa com suas descidas kamikazes. 

Após a eliminação da Libertadores, o Palmeiras voltou todas as atenções para o Brasileirão e Armero não convencia de um jeito pleno, continuava irregular e matando diversos ataques. Até que em outro dia chuvoso, na décima rodada do Brasileiro, o Palmeiras enfrentou o Náutico, visando entrar no G4 e se manter no pelotão de frente (ao final da rodada, terminaríamos à dois pontos do então líder Atlético-MG). A tarde chuvosa, o frio de julho e a recém-eliminação da Libertadores espantou a torcida (menos de 8000 foram ao Jardim Suspenso), mas o Palmeiras fez uma ótima exibição.

O placar foi construído com muita facilidade. Mauricio Ramos fez o primeiro, Willians o segundo. O Nautico até diminuiu, mas no segundo tempo, Armero fez uma tabela com Diego Souza e acertou um petardo cruzado sem chances de defesa para o goleiro do Nautico. Um golaço solitário na carreira de Pablo Armero pelo Palmeiras - isso, claro, sem contar o pênalti anotado na disputa contra o Sport pela Libertadores. O guerreiro Pierre ainda fechou o placar naquela noite fria. Uma noite que me lembro como a do gol solitário de um lateral que nem foi tão bem assim por aqui, mas que definitivamente fez seu melhor jogo enquanto jogador do Palmeiras - talvez só o 4 x 3 contra o Santos chegue perto dessa partida.

Meu registro das arquibancadas molhadas e o placar final do gol solitário de Armero.

Para quem deseja ver o gol que ele fez, eis o link. Foi um gol solitário, mas não dá para negar que foi um golaço.

No segundo semestre, Armero naufragou com todo o time e suas descidas suicidas nos renderam diversos problemas defensivos que comprometeram o time pela esquerda. O ponto baixo foi no início de 2010, onde a confiança da torcida estava no fundo do poço e ele era o ponto fraco do time, entregando gols para o adversário, como no empate contra a Portuguesa, derrota para os gambás (essa, após quatro anos sem perder para eles) e o fatídico empate por 3 x 3 contra o Ituano em (outro) dia de chuva torrencial em um dos últimos jogos do Palestra. Um jogo fácil que se transformou em tragédia, vaias ostensivas e uma implosão total do resto de confiança da torcida.

Ele não foi bem em 2010, mas nos presenteou com essa dança sensacional em um jogo épico.
Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Armero ainda exorcizou seus demônios na Vila Belmiro com o "Armeration" em um dia em jogou de maneira fantástica, mas após esse jogo, não fez mais nada que merecesse menção (talvez o jogo contra o CAP pela Copa do Brasil no Palestra, mas só), continuando irregular e alternando bons ataques com decisões erradas. Após a Copa de 2010 e já com Felipão, ainda jogou mais algumas partidas após uma transferência frustrada, não agradou e saiu de vez para o futebol italiano, abrindo espaço para a promessa Gabriel Silva. Na época, não lamentamos a saída, embora sabíamos que ele era esforçado. Infelizmente, o que veio depois foi muito pior: Gabriel Silva foi de promessa para lata da casa, Rivaldo foi o pior lateral esquerdo da nossa história, Gerley foi terrível, Juninho é desnecessário falar e Fernandinho também não nos ajudou em absolutamente nada. Só agora, com William Matheus, que temos alguma curva de melhora.

Apesar de ter cornetado muito o Armero, tenho muito respeito por ele, afinal, em nenhum momento desrespeitou a camisa, pelo contrário, o choro no banco de reservas em um dérbi me fez respeitá-lo ainda mais. Mas não servia naquele momento, o jeito atabalhoado, somado com uma torcida furiosa (e com toda razão do mundo) só piorou as coisas. 

Ao lateral, desejo toda a felicidade do mundo nessa Copa e em sua carreira, que seja excelente na Itália e evolua em aspectos que não mostrou aqui. A Colômbia é uma das seleções que tenho muito carinho e torço para que o Armeration seja realizado mais vezes nesse torneio maravilhoso que é a Copa. Mas devo ser sincero, a passagem dele por aqui não foi suficiente para que tenha um clamor de "volta" ou de "injustiçado". Teve chances, mas fez parte de um período que queremos esquecer por completo. A vida segue para todos.

Por Marcus, que acha o Armero carismático, mas tem motivos para não querer a volta dele para o Palmeiras.

O último jogo de Felipão que vi na arquibancada

Por Marcus, um adepto do scolarismo.

Com a proximidade da Copa e com Felipão em evidência em todos os noticiários do planeta, é impossível não associar o bigode com a nossa rica e vitoriosa história. Nesse texto recordarei a última vez que vi o general Scolari como técnico do Palmeiras na arquibancada. Infelizmente, foi em uma época triste, não muito tempo após um dos momentos mais felizes dos últimos anos.

Com um misto de jogadores ruins, fracos de alma e descompromissados, somados com um ambiente completamente insalubre, em setembro de 2012, a vaca do Palmeiras estava caminhando a passos largos para o brejo da segunda divisão. Era um cenário que se desenhava cada vez mais desesperador, poucas coisas me faziam acreditar na permanência do time na primeira divisão, ainda mais após rodadas com desempenhos pífios - derrotas seguidas para CAG, Santos, Portuguesa e empate com Grêmio. O desânimo era latente no semblante de muitos torcedores e precisaríamos de uma grande virada para escapar da degola e isso porque tínhamos quase um turno inteiro pela frente. 

Uma das poucas coisas que me traziam alento era o fato de que ali no banco tínhamos um ídolo e que não se renderia facilmente ao insucesso. Felipão trazia essa segurança, com ele, imaginava que ele repetiria o improvável ao fazer o mesmo grupo carcomido que ganhou a Copa do Brasil jogarem bola novamente.

E veio a noite de quinta, véspera do feriado da independência do Brasil. O Pacaembu lotou com mais de 30 mil palestrinos, todos encarnaram um espírito de guerra forte e a alma felipônica que sempre caracterizou as decisões do Palmeiras. Desde o metrô Paulista, era possível ver a expressão de cada palmeirense, parecíamos que estávamos adentrando um campo de batalha. A noite, que seria a primeira do resgate alviverde, começava muito bem.

Dentro das arquibancadas, o clima não era de festa, mas de querer faríamos a diferença, de que éramos um gigante ferido. Os 3 x 1 para o Palmeiras contra o Sport, no fim, acabaram sendo pouco, mas todos saíram do municipal com uma nova esperança no peito.

Naquele momento eu não sabia, mas seria o último jogo que veria do técnico Luis Felipe Scolari como treinador do Palmeiras. Meu primeiro jogo na arquibancada foi com ele no comando, os títulos que mais comemorei também. Olhando para esse jogo, tudo o que enxergo hoje é que, em meio ao caos e uma luta contra o inevitável, ao menos tivemos uma última noite Felipônica na qual podemos lembrar para toda a posteridade, mesmo que essa tenha sido um dos últimos suspiros de um gigante que entrou derrotado para o campeonato.

Após esse jogo, Felipão ainda nos dirigiu por mais duas oportunidades e saiu. Com a saída dele, meu medo se materializou jogo após jogo e o fim foi aquele que queremos esquecer. 

Mesmo assim, Felipão fez milagres ao levar um elenco recheado de derrotados para o alto da glória ao conquistar um título nacional. Não é qualquer técnico que é capaz disso.

Obrigado Felipão e boa sorte nessa Copa.

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Sei que sou apenas um em meio a milhões, mas para os que aqui leem esse texto fica um pedido que se encaixa tanto na esfera futebolística quanto no mundo como um todo: valorize as pessoas que te deram grandes alegrias e momentos que você guarda para sempre na memória e no coração. 


Apesar de ser indiferente em relação ao desempenho do Brasil na Copa do Mundo (se ganhar ok, mas se perder, não perderei meu sono), comigo, a moral do Felipão está inabalada e torço para que ele e Henrique - dois grandes responsáveis pela nossa última grande alegria enquanto torcedores - tenham desempenhos vitoriosos. 

O grande responsável pela nossa última grande alegria. 

12 de junho de 1993 - Dia da paixão palmeirense

Por Marcus Vinicius.

Na noite de segunda (02 de junho), fui até o espaço Itaú de cinema, em São Paulo, para assistir o documentário "12 de junho de 1993 - Dia da paixão palmeirense", escrito e dirigido pelo jornalista e palestrino fanático Mauro Beting e co-dirigido por Jaime Queiroz. O documentário conta toda a trajetória que levou a um dos dias mais épicos da história do Palmeiras e um título que a maioria considera o mais importante de nossa história, sublimando até mesmo a conquista da Libertadores de 1999.

A produção começa ainda na época da academia, na época de craques como Luis Pereira, Dudu, Leivinha, Ademir da Guia e Cesar Maluco, o desmanche da academia e os primeiros anos sem título, passa pelos terríveis anos de fila e termina com a entrada da era Parmalat e a montagem de um novo esquadrão.

Para quem é mais novo e não vivenciou os anos 80, o documentário consegue passar toda a angústia de quem esteve presente nas arquibancadas do Palestra nessa época e viu times que se não eram terríveis tecnicamente, padeciam com a falta de um espírito vitorioso, vendo elencos com nomes mais fortes baterem na trave constantemente e perdendo para times de menor expressão por muitas vezes. Para mim, a semelhança com o período de 2000 para hoje (com exceções pontuais em 2008 e 2012) não é mera coincidência, mas é uma passagem necessária para entendermos como realmente foi viver essa época. Quando os palestrinos mais antigos dizem que os anos 80 foram para os fortes, eles não estão brincando.

Particularmente, os trechos que mais doeram na alma de assistir foram a eliminação para o XV de Jaú em 1985 e a derrota para a Inter de Limeira em 1986. Senti a dor de quem viveu essa época e me imaginei sentado na arquibancada em estado letárgico, olhando para o nada, tentando entender o que acontecia e se veríamos a luz do sol novamente no horizonte. O depoimento de Denys, assumidamente palmeirense, sobre a fatídica final de 86, foi de partir o coração. O destaque para manchetes que diziam "década maldita" ou "geração perdida" também me soaram muito familiares.

Por outro lado, deu para perceber que nessa época a torcida não parava de crescer. A produção mostrou por diversas vezes as arquibancadas lotadas de palestrinos com bandeiras (quando essas ainda eram permitidas) e pessoas vibrando como se não houvesse amanhã. 

Os depoimentos também foram cheios de alma. Jornalistas palmeirenses (Roberto Avallone, PVC e claro, Mauro Beting), ex-jogadores e outros palestrinos enriqueceram o documentário com seus detalhes e suas visões sobre cada período vivido. Em alguns casos era possível perceber a emoção de cada um e muitos não contiveram as lágrimas ao contar sobre períodos que tiveram uma carga emocional muito forte. Meu destaque fica para o Edmundo, nosso ídolo eterno, que ao contar as origens do apelido "animal", dado pelo radialista Osmar Santos, e como a torcida abraçou o apelido ao cantar "au au au, Edmundo é animal", se emocionou.

Por fim, chegamos a campanha que transformou jogadores vitoriosos em heróis eternos. Percebi uma divisão de opiniões sobre a troca de técnico no meio do campeonato, uns diziam que venceriam mesmo com Otacílio Gonçalves, mas outros disseram que o Vanderlei Luxemburgo fez toda a diferença. No fim, foram unânimes ao dizerem que a preleção do "pofexô" foi uma mola propulsora no dia derradeiro. 

Ainda sobre o time de 1993, a produção mostrou como o time crescia a cada partida, mesmo com as brigas internas, a ascensão de jogadores como Edmundo e a ressurreição de Evair, injustamente afastado pelo péssimo Nelsinho Baptista. Fizeram muito bem em transpor a aura vencedora dessa equipe. 

No primeiro jogo da final, abordaram o nervosismo do time e a provocação de Viola. Mas no segundo jogo, mostraram a emoção de cada momento chave da partida derradeira do dia 12/06/1993. No momento que o terceiro gol foi mostrado não contive minhas lágrimas, afinal, são as minhas primeiras lembranças no futebol e elas não poderiam ser mais doces. O gol de Evair que consolidou de vez o título e o reencontro dos atletas para relembrar esse dia também me deixaram com um nó na garganta muito forte e deu para perceber o mesmo em muitos que ali estiveram na sala de cinema.

Com carga emocional forte, passagens detalhadas sobre cada período e com uma qualidade visual incrível - aplausos para quem realizou a restauração das imagens - o documentário "12 de junho de 1993 - Dia da paixão palmeirense" é obrigatório para todos os palestrinos, mostra uma academia de futebol que fazia inveja para qualquer time, um período muito difícil e o nosso renascimento como uma fênix, de como recomeçamos uma era vitoriosa que nos consolidou como o campeão do século XX. Assim que sair em DVD, faço questão de comprar e prestigiar essa produção maravilhosa.

Os heróis!
Foto: Divulgação (retirada do site FoxSports).

Até ganhamos, mas...

Começou a abstinência. A partir de agora, ficaremos mais de um mês sem ver o Palmeiras em campo. O último jogo antes da parada forçada foi um empate sem gols com o Grêmio, no Alfredo Jaconi, em Caxias do Sul. Quer dizer, sem gols em termos, já que Diogo fez um gol legal no segundo tempo, anulado pela arbitragem. 

Sem Wesley, Valdivia e Bruno César, os jogadores mais experientes e técnicos do meio para a frente, o Palmeiras não tinha uma liderança técnica com a posse de bola, alguém que colocasse a pelota no chão para esperar o time sair de trás. E por conta disso os dez primeiros minutos foram desesperadores. O Palmeiras não conseguia passar do meio do campo, o Grêmio fez uma blitz na frente da área e não tomamos o gol apenas porque o centroavante deles - apesar das súplicas da torcida gremista - ainda é o Barcos. 

Lucas Uebel/Grêmio FBPA
Passada a pressão inicial, o Palmeiras colocou os nervos no lugar e passou a jogar de igual para igual. Foram mais 10/15 minutos de equilíbrio, e na parte final da primeira etapa, o domínio foi total do Verdão. Em grande parte, o domínio aconteceu porque, depois de muito tempo, voltamos a ter um time bem armado. Wellington na zaga, Marcelo Oliveira de volta ao meio. MO e Renato davam segurança à zaga, o que deu tranquilidade a Lúcio, que fez excelente partida. Wellington também não comprometeu e, com cobertura, William Matheus foi o melhor do primeiro tempo. E em sua jogada mais aguda, o lateral foi à linha de fundo e cruzou rasteiro para Felipe Menezes, que chegou batendo, mas demos azar: a bola que ia para o gol desviou nas costas de Diogo e explodiu na trave esquerda de Marcelo Grohe. Vendo que o Palmeiras não estava morto, o Grêmio se retraiu e não ameaçava mais nem nos contra-ataques. 

No segundo tempo, o panorama do jogo não se alterou. O Palmeiras continuou dominando as ações, apesar de mais cauteloso: Wendel deixou de apoiar o ataque, e Marquinhos Gabriel ficou mais fixo pela direita para ocupar aquele espaço. Com o posicionamento fixo de MG, perdemos um pouco de mobilidade pelo meio-campo, e Felipe Menezes - que teve boa atuação - ficou um pouco mais isolado, tendo que contar com a aproximação dos volantes e de Diogo. E o gol veio justamente com Menezes e Diogo. O primeiro bateu falta pela esquerda, o segundo antecipou-se a Grohe em posição muito legal e marcou de cabeça. Fomos assaltados em Caxias, quem sabe agora já possam parar de falar no pênalti não marcado para o Criciúma lá na primeira rodada. 

Com todos os desfalques - Valdivia, Mendieta, Wesley, Bruno César, Leandro, Prass e outros menos importantes - Alberto Valentim montou o que tinha de melhor para o momento. As únicas críticas são pelo fato de que o time já poderia ter essa formação há tempos, e a demora para mexer, quando o rendimento da equipe já havia caído. E quando mexeu, foi para a entrada de Josimar. Ele mesmo, o ignóbil Josimar. E não é que quase deu certo? O último lance do jogo foi uma boa jogada individual do camisa 15, seguida por uma finalização que passou bem perto. Mas claro que não entrou, porque jogadores ruins só fazem golaços contra o Palmeiras, nunca a favor. 

Agora, assumimos com nossos poucos mas sempre presentes leitores um compromisso de publicar alguns posts durante a Copa, seja para falar de Palmeiras, seja mesmo para falar de Copa, antes que voltemos a campo para mais uma vitória sobre nossos fregueses da Baixada. VEM, COPA!!!!

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