Novo começo

Desembarcar no metrô Palmeiras-Barra Funda era o início de tudo. A caminhada até a Turiassu não era muito longa, mas a ansiedade para estar lá aumentava a cada passo dado, seja lá qual fosse o prélio disputado.

O entorno do Palestra já era o suficiente para que eu me sentisse em casa. Ia para os bares e encontrava conhecidos, tão ansiosos quanto eu para a partida. Dependendo do dia e da importância da partida, a rua estava tomada de verde, em outros dias, estava calmo a ponto de sentar em uma mesa de bar tranquilamente e esperar os 40 minutos que antecedem a partida para entrar no Palestra.

Passava pela grade que delimitava a fila de entrada na Turiassu, já separava o ingresso e a carteirinha de estudante e passava pela revista, faltando apenas passar o ingresso na entrada. A excitação de rodar a catraca no Palestra era diferente, me fazia ter a certeza plena que estava em casa, especialmente porque nos obrigava a caminhar pelo fosso, observando tudo o que constituía o nosso redor. A caminhada pelo fosso também era única. Muitas vezes virava para o lado e observava a movimentação nas numeradas, conjecturando se iria lotar ou não aqueles setores. 

Mas a melhor parte era quando finalmente subíamos para a arquibancada. Observávamos o campo suspenso, o panorama da cidade ao redor, víamos a torcida ocupando os lugares e as músicas se faziam presentes. 

Não existe nenhuma outra torcida que possui uma sinergia tão grande que a nossa torcida do Palmeiras tem com o Palestra Itália. Era uma conexão mágica, inexplicável, podíamos não ter o maior estádio, mas tínhamos o maior coração e alma de todos.

Um dos registros mais bonitos que fiz do velho Palestra Itália, no jogo contra o Sport (1 x 1) pela Libertadores de 2009.

Como será em 2014? Realmente não sei. Por enquanto vamos com o estádio municipal, que finalmente se estabeleceu como casa provisória em 2013, após quase três anos vagando como nômades sem explicação nenhuma. Apesar do municipal ser o melhor estádio na ausência do Palestra, com fácil acesso e com bons bares ao redor, a sensação que tenho é que nos dividimos um pouco durante esse período, muito por causa da fase tenebrosa que passamos nas últimas temporadas. No Palestra, eramos uma unidade até nos piores momentos - exceto pelo maldito Setor Visa, que era um setor sem vida e que tolheu nosso espaço. 

Espero do fundo do coração que o Palestra Itália volte nesse ano que entra - apesar do ritmo vergonhosamente lento das obras. A volta para o Palestra simboliza esse novo começo, voltaremos a nos sentir em casa, com os bares da região tomados de verde, com as pessoas cantando sem parar na esquina da Caraíbas com a Turiassu e passando por todo aqueles rituais pré e pós jogos que tanto nos acostumamos. Os adversários se sentirão intimidados e voltaremos a ser temidos como sempre devemos ser.

Sabemos que mesmo quando o Palestra voltar, as coisas nunca mais serão como eram antes, mas a nossa alma permanece intacta. Não tem elitismo que seja capaz de remover nossa alma, não nos dobraremos aos caprichos de quem prega "modernidade" e seremos tudo o que fomos anteriormente, talvez até em maior escala. Faremos do novo Palestra Itália um inferno para os oponentes.

Que em 2014 tenhamos esse novo começo, com a volta para nossa casa, com um time que represente bem o que seja Palmeiras e que nos orgulhe. Mais do que ser nossa esperança, essa é a nossa torcida, muitas vezes de maneira irracional, mas guiada sempre pelo coração.

Feliz 2014 para todos os palmeirenses e obrigado à todos pela audiência em nosso primeiro ano de blog. 

Nos vemos nas arquibancadas para ver o Palestra em campo em nosso centenário!


O Natal palestrino de 1998

O que você, palestrino, fazia no natal de 1998? Além das festividades (ou qualquer outro tipo de comemoração), havia uma expectativa fortíssima para que o Palmeiras conquistasse o título da Copa Mercosul daquela temporada.

O caminho palestrino até a final foi brilhante: seis vitórias na primeira fase, atropelamos o Boca Juniors pelas quartas de final, vencemos as duas partidas contra o Olímpia nas semifinais e iriamos jogar a final contra o maldito Cruzeiro, o mesmo time que vencemos a final da Copa do Brasil, mas que havia nos eliminado no Brasileiro nas semanas anteriores e de maneira dolorosa, com gol do Fabio Júnior nos últimos minutos do terceiro jogo do playoff.

O primeiro jogo da final aconteceu no Mineirão e nossa única derrota aconteceu lá – em 98 jogamos lá por quatro vezes e perdemos todas – e novamente de um jeito dolorido, com gol no final da partida, novamente de Fábio Júnior. Não era possível que, depois de uma campanha irrepreensível, iriamos cair diante das marias, não poderia acontecer novamente.

Na época eu ainda não havia debutado na arquibancada (algo que só aconteceria meses depois), mas acompanhei toda a campanha no SBT e com a narração do Silvio Luís na maioria dos jogos. E ao ver o Palestra Itália (pela TV) completamente lotado no dia 26/12 – data atípica para jogos – tive a certeza que éramos uma torcida realmente especial e que a vitória viria a todo custo. 

No banco tínhamos Felipão que, supersticioso como sempre, fez o time entrar completamente de branco porque os próprios cruzeirenses tinham declarado previamente que usar “branco dava sorte”. O bigode foi astuto ao usar o fator campo e as crendices como armas para desestabilizar o psicológico dos cruzeirenses. E como não poderíamos pensar sequer no empate, achamos que tudo era válido e embarcamos juntos nessa ideia. 

Precisávamos terminar o ano em alta e com um título, era o presente de natal que toda a torcida esperava. E o sábado de 26/12 era a data propícia para trazermos parte do presente – a outra viria na terça, dia 29/12. 

Nem mesmo o gol de Fabio Júnior, aos 2 minutos, tirou nossa fé. Na verdade, não demorou muito para o Palmeiras empatar o jogo, com Clebão, em cobrança de falta aos 8 minutos. 

O empate dava o título para o Cruzeiro e o restante do primeiro tempo foi apenas de pressão palmeirense. No intervalo havia certa apreensão, mas confiávamos no time. Sabíamos que Zinho, Alex, Arce, Oseas e Paulo Nunes eram capazes de alegrar o natal de 15 milhões de torcedores. E eles resolveram o jogo: Oseas aos 9 minutos, recebeu um passe de Paulo Nunes e virou a partida, assim levando a decisão para o terceiro jogo. Ao final da partida, o próprio Paulo Nunes marcou o terceiro gol em cobrança de escanteio cobrada por Arce e fomos completamente confiantes para o terceiro jogo, que aconteceria na terça, dia 29/12.

Paulo Nunes trouxe o presente da massa alviverde.
Foto: reprodução/baú do esporte.

A dois dias da virada do ano, o Palestra Itália novamente lotou. Dessa vez, o Cruzeiro entrou de branco e o Palmeiras entrou com o uniforme verde tradicional, mas depois da exibição natalina do dia 26, nada tirava da minha cabeça que aquele título seria nosso. Precisávamos de outra vitória para não ir para os pênaltis, afinal, o regulamento era tão tosco que o saldo de gols construído de nada valia.

O jogo derradeiro foi truncado e sem muitas chances, tudo indicava que seria decidido na bola parada. Tínhamos jogadores que na bola parada poderiam fazer toda a diferença do mundo: Junior Baiano, para arremates de longa distância com potência e Arce, um dos melhores jogadores que vi na bola parada – e também em cruzamentos com bola rolando. 

E foram os dois que decidiram o título. Aos 16 do segundo tempo, Junior Baiano disparou um foguete da entrada da área, Dida rebateu e ninguém acompanhou Arce, que pegou o rebote e apenas empurrou para dentro. O título era nosso!

O restante da partida seguiu de maneira truncada, sem ninguém ameaçar ninguém. Claro, o nervosismo continuou até o fim, mas sabíamos que ninguém estragaria nossas festividades. O título da Mercosul foi um dos melhores presentes de natal que a magnífica torcida do Palmeiras poderia ganhar. E foi uma prévia do que estava por vir no inesquecível ano de 1999.

Se hoje nosso natal é permeado por angústias e expectativas por reforços, nosso final de ano em 1998 foi muito mais saboroso. 

Feliz Natal para todos os palestrinos!

• Nota que os jogos aconteceram após o natal. E os estádios lotaram. Hoje, os jogadores pirracentos e mimados do “Bom Senso” (que grupo hipócrita!) jamais jogariam uma partida nessas datas;

• Saudades dessa época de constantes decisões. E morte aos pontos corridos;

Um balanço do elenco de 2013

Quem acompanha o Palestra em Campo desde o início acostumou-se a ver, ao final dos posts de pós-jogo, as notas que damos aos jogadores. Muitos sites e blogs fazem isso, mas o nosso diferencial é que as notas não são dadas por uma só pessoa. Desde a estreia do blog, no jogo contra o Paysandu no primeiro turno da série B, sempre tivemos a nota de no mínimo 3 pessoas e no máximo 6, fazendo uma média a cada jogo.

Com base nessas médias, decidimos fazer um levantamento de todas as médias dos jogadores do elenco, ousando, como torcedores, definir quem deveria e quem não deveria continuar no elenco para 2014, na nossa humilde opinião de torcedores comuns, sem vínculos com política interna, situação/oposição, como fazemos desde o início.

As análises têm características que podem de certa forma inibir certos "vícios" que sempre existem em análises feitas por uma só pessoa, como geralmente é feito:
- há notas dadas a partir da arquibancada e pela TV;
- as notas sempre são dadas logo após os jogos, e sem que os membros de nossa equipe saibam de antemão as notas dadas pelos outros, evitando "contaminações". Todas as notas baseiam-se exclusivamente nas impressões pessoais de cada um;
- análises feitas por várias pessoas minimizam os efeitos de preferências pessoais exacerbadas, ou seja, o fato de um dos membros de nosso time gostar demais do futebol de jogador A e outro odiar o jogador B, mesmo que se reflita nas notas dadas a esses jogadores, tem sua relevância no resultado final diluída pelas opiniões de outros avaliadores. Claro que, para que essas preferências pessoais tornarem-se irrelevantes, o universo de avaliadores teria de ser bem maior (estatística básica), mas de qualquer forma já é um upgrade com relação aos veículos que divulgam notas de apenas um avaliador;
- as pessoas que definem estas notas variam entre os membros da equipe do blog, e várias vezes contaram também com a ajuda de amigos que contribuem esporadicamente, possibilitando uma ampliação dos pontos de vista.

Finalizando, consideramos nesta análise apenas os jogadores que participaram de no mínimo 5 jogos entre os 24 avaliados, evitando grandes discrepâncias. São, portanto, 23 jogadores incluídos neste levantamento. Foram "ignorados" os goleiros Bruno e Fábio, os zagueiros Marcos Vinicius e Thiago Martins, os laterais Bruno Oliveira e Fernandinho, o volante Renatinho e o centroavante Caio.

A média geral ponderada entre todo o elenco ficou em 5,42. Dos 23 jogadores, apenas oito ficaram acima desta média, e quinze abaixo. O normal seria termos mais ou menos metade dos jogadores acima da média e metade abaixo. Este resultado aparentemente estranho ocorre porque não consideramos a média aritmética das notas, e sim a média ponderada, por isso os jogadores que participaram de mais jogos têm um peso maior, e os que jogaram menos partidas contribuem com um peso menor. Assim, Fernando Prass puxou a média geral muito para cima, porque participou de 22 dos 24 jogos, e com uma média muito superior a todos os outros jogadores. Por outro lado, Tiago Alves, Marcelo Oliveira e Ronny, com 7 jogos cada um, e Léo Gago, com 5, ficaram abaixo da nota média, mas sem puxar a média geral para baixo porque jogaram poucas partidas. Tiago Alves, Marcelo Oliveira e Ronny, juntos, acabam tendo menos peso do que Fernando Prass sozinho. Assim, a média sobe e temos muito mais jogadores abaixo da média do que acima.

Os oito jogadores que, na nossa opinião, tiveram rendimento acima da média geral do elenco foram:

1º Fernando Prass - 7,41 (22 jogos)
2º Valdivia - 6,78 (11 jogos)
3º Eguren - 6,57 (10 jogos)
4º Alan Kardec - 6,35 (22 jogos)
5º Wesley - 5,94 (18 jogos)
6º Vilson - 5,93 (12 jogos)
7º Mendieta - 5,59 (11 jogos)
8º Vinicius - 5,55 (12 jogos)

Prass, sem dúvidas, foi o craque do time na série B. Nos 22 jogos avaliados, teve média abaixo de 5 em apenas dois. Ganhou a confiança de torcedores, elenco e comissão técnica e, mantendo o nível em 2014, pode ser o melhor goleiro da série A.
Valdivia participou de 11 dos 24 jogos e se destacou em duas partidas magistrais, com notas acima de 9, por isso a média alta. Eguren, com apenas 10 jogos, a maioria deles entrando no segundo tempo, agradou bastante e obteve média abaixo de 5 apenas uma vez. Alan Kardec disputou 21 jogos, com muita regularidade. Também ganhou a confiança da torcida por ser sério, comprometido e por demonstrar enorme respeito à nossa camisa. Wesley é o esteio do meio-campo, tecnicamente. Oscilou muito, alternou partidas brilhantes com outras em que sumiu do jogo, mas é titular absoluto e indiscutível. Vilson foi nosso melhor zagueiro, e será uma perda enorme se realmente não renovar, a nao ser que Henrique volte a jogar o que sabe. Mesmo assim, o ideal seria ter os dois em suas melhores formas. Mendieta, mesmo com problemas de adaptação, mostrou qualidade para continuar no ano do Centenário. Precisa apenas de uma sequência maior - que não teve devido a uma lesão - e demonstrar um pouco mais de vontade e raça, pois às vezes passa a impressão de estar em campo a passeio.
Por fim, chama a atenção a presença de Vinicius na lista. Revendo as notas, a explicação é que ele viveu uma ótima fase entre agosto e setembro. Nas cinco primeiras partidas avaliadas, TODAS as notas de Vinicius ficaram entre 6,5 e 7,7. Nas sete partidas restantes de que participou, a queda de rendimento foi grande, mas mesmo assim sua nota foi superior a 5 em três delas.

Em seguida, temos um grupo de oito jogadores que ficaram abaixo da média do elenco, mas ainda acima de 5. Acreditamos que a continuidade deles é válida em alguns casos, mas com sérias ressalvas quanto a serem titulares. São eles:

9º Serginho - 5,39 (13 jogos)
10º Wendel - 5,37 (12 jogos)
11º Leandro - 5,31 (17 jogos)
12º Tiago Alves - 5,28 (7 jogos)
13º Léo Gago - 5,17 (5 jogos)
14° Márcio Araújo - 5,15 (22 jogos)
15º Charles - 5,07 (15 jogos)
16º Henrique - 5,06 (15 jogos)

Ao que tudo indica, Serginho e Léo Gago não ficarão. Na grande maioria de seus jogos (13 de Serginho e 5 de Léo Gago) eles entraram no segundo tempo. Serginho foi bem na maioria, mas em todas as vezes que foi escalado como titular, teve desempenho pífio, abaixo da crítica. Se realmente não ficar, não fará muita falta. Léo Gago sofreu com uma lesão e poderia ser melhor aproveitado em 2014, mas também não será uma ausência sentida.
Wendel chegou a jogar improvisado na lateral esquerda. Surpreendeu positivamente em alguns jogos, principalmente contra o Oeste, em São José do Rio Preto. Mas é apenas um quebra-galho que deve entrar quando o titular e o reserva estiverem impossibilitados. Um elenco não é formado por 22 atletas (11 titulares e seus reservas imediatos), e sim por cerca de 30 a 35. É por isso que atletas como Wendel conseguem espaço em times de série A. Tem que haver o reserva do reserva, aquele que é ruim, mas útil. Wendel cumpriu bem esse papel em 2013.
Tiago Alves demonstrou qualidade, tranquilidade e uma certa segurança. Bom nome pra zagueiro reserva. Com ênfase na palavra "RESERVA".
Mário Araújo e Charles destacam-se pela regularidade. Charles viveu um ótimo momento no primeiro semestre, depois caiu de produção, mas nunca chegou a comprometer. Tem bom poder de marcação e qualidade pra sair pro jogo, e ainda bate bem de fora da área. Precisa aprimorar a parte física, pois "morre" no segundo tempo. Um bom reserva.
Araújo, a despeito da raiva que sempre faz a torcida passar, disputou 22 partidas, pois Kleina gosta dele. Em oito delas, demos nota inferior a 5. É um desempenho muito ruim pra um jogador que atua em uma posição chave no time. Por outro lado, surpreendentemente só elegemos Márcio Araújo como o pior em campo uma vez, logo na estreia do blog, 3x2 contra o Paysandu.
Henrique é um caso à parte. Nem vamos comentar muito, pois tudo o que podemos dizer já foi dito em um texto específico para ele, neste post. Em resumo, contamos muito com nosso capitão, mas ele pode e precisa render mais.

O terceiro grupo é o de jogadores que simplesmente não corresponderam de forma alguma, e não chegaram a atingir nem uma nota 5 de média. São eles:

17º André Luiz - 4,97 (12 jogos)
18º Luis Felipe - 4,82 (16 jogos)
19º Marcelo Oliveira - 4,37 (7 jogos)
20º Ronny - 4,33 (7 jogos)
21º Ananias - 4,31 (14 jogos)
22º Felipe Menezes - 4,09 (15 jogos)
23º Juninho - 4,07 - (17 jogos)

Pra eles, seria fora sem dó. Mas ainda teremos que aturar os dois piores jogadores de 2013. Quanto aos outros, nada ainda está anunciado oficialmente, mas os que têm maior possibilidade de infelizmente ficar são Marcelo Oliveira e Ronny. Luis Felipe fez aquela palhaçada toda, mas não mostrou tanta qualidade em campo, como comprovado pelas notas. André Luiz é lento, se posiciona mal e erra passes na entrada da área. E Ananias é um completo inútil.

E o treinador?

Juninho, o pior jogador, teve média 4,07. Kleina ficou com 3,66. Não precisamos dizer mais nada. Mas temos opiniões aquiaquiaqui e aqui.

A cada jogo, elegemos também o melhor e o pior em campo. Quem ganhou mais?

Melhor em campo:
Fernando Prass - 7 vezes
Alan Kardec - 6 vezes
Vilson - 3 vezes
Wesley - 3 vezes
Valdivia - 2 vezes
Eguren - 1 vez
Mendieta - 1 vez
Luis Felipe - 1 vez
Tiago Alves - 1 vez

Reparem que a soma é 25, mas são 24 jogos. Isto ocorre porque, no jogo contra o Bragantino em Bragança, houve empate entre Wesley e Alan Kardec.

Pior em campo (Troféu Joinha):
Juninho - 6 vezes
Gilson Kleina - 5 vezes
Felipe Menezes - 3 vezes
Luis Felipe - 2 vezes
Márcio Araújo - 1 vez
Wesley - 1 vez
Henrique - 1 vez
Mendieta - 1 vez
Vilson - 1 vez
Serginho - 1 vez
André Luiz - 1 vez
Wendel - 1 vez

Esta foi a visão do time Palestra em Campo sobre o desempenho de nosso elenco em 2013. Em 2014, continuaremos acompanhando, e a primeira análise do tipo será ao término do Paulistão (aproveite e veja nosso "pré-Paulistão" aqui.

Aproveitamos a ocasião para desejar um excelente Natal a todos nossos leitores e seus familiares. E que o ano do Centenário nos traga muitas alegrias. Contamos com a companhia dos leitores durante o ano.

E o time? No momento, desesperador.

A luz vermelha está piscando desesperadamente e não é para menos: estamos praticamente no natal e quase não temos novidades concretas sobre o Palmeiras para o ano do centenário, nem mesmo sobre a renovação de alguns (poucos) atletas que deram alguma liga durante a tétrica temporada de 2013. Entre dúvidas e especulações, a única certeza que temos hoje é que não temos sequer um time base decente para o centenário nesse momento. 

Os torcedores tem toda a razão do mundo de estarem nervosos e apreensivos, estamos a semanas de iniciarmos a pré-temporada e tudo o que temos é uma base piorada da Série B, torneio em que o time mais irritou a torcida com fracas exibições, do que deu esperanças.

Vamos analisar o status das posições nesse momento.

Goleiros:
Fernando Prass, Fábio e Vinicius. Aqui estamos bem. Bruno está com o contrato no fim e fica a esperança de que não renovem com o goleiro que nos afundou na Libertadores de 2013.

Laterais direitos:
Bruno Oliveira. Luis Felipe deu área e Wendel não sabe se renova o contrato (tomara que não). A única opção disponível no momento é o jovem Bruno Oliveira, que teve parcas chances durante a temporada – mesmo sendo melhor que o eterno volante improvisado. Mas Bruno Oliveira ainda precisa ser lapidado antes de ser jogado aos leões. Precisamos de dois laterais direitos bons com extrema urgência.

Zagueiros:
Henrique, Tiago Alves e Thiago Martins. Outra posição que precisamos de jogadores para a titularidade com urgência. Henrique é capitão e titular absoluto, mas é a única opção de confiança. Tiago Alves é apenas um bom reserva e Thiago Martins, apesar de ter feito uma boa estreia contra a Chapecoense, está longe de ser o companheiro de zaga do xerife Henrique.  André Luiz tem contrato até o final do ano e pelo desempenho fraco, uma renovação seria uma afronta à torcida. Vilson, que fez partidas de destaque, não sabe se fica, mas mesmo se ficasse, precisaríamos de dois zagueiros bons, um deles para ser titular ao lado de Henrique.

Laterais esquerdos:
Juninho e Victor Luís. Para o desespero geral da nação, Juninho ainda está no elenco. Victor Luís é uma incógnita. Fernandinho, felizmente já saiu e Marcelo Oliveira não sabe se fica. Precisamos urgentemente de dois laterais esquerdos e da dispensa de Juninho, um dos jogadores mais irritantes que já passaram pela nossa lateral esquerda, entrando no panteão dos piores da história, onde estão Rivaldo, Rovilson, Misso e Fabiano. 

Volantes:
Eguren, Wesley, João Denoni e Renatinho. Eguren e Wesley são boas opções e devem ser os titulares da temporada que se inicia. Denoni, que já mostrou potencial, retorna de empréstimo e Renatinho deve ser a última opção do elenco. Leo Gago já foi e Charles ainda não sabe se fica. Fica a minha torcida para que um dos maiores símbolos da derrota do Palmeiras nos últimos anos e que atende pelo nome de Marcio Araújo, não renove com o Palmeiras. Precisamos de – no mínimo - dois volantes bons, um de contenção e outro que saiba sair jogando.

Meias:
Valdivia, Mendieta, Felipe Menezes, Patrick Vieira, Serginho e Bruno Dybal. E lá vamos nós para mais um ano em que Valdivia é titular absoluto. Como podem deixar a camisa 10 do centenário com alguém que não joga nem metade dos jogos (nenhum decisivo)? Não mudo a opinião de que precisamos de um camisa 10 bem mais confiável que o chileno. Mendieta é uma boa opção para o meio, não é exatamente armador, mas já demonstrou habilidade e pode ser útil durante a temporada. Patrick Vieira volta e se mostra uma boa opção para abrir espaços nas defesas. Felipe Menezes tem que ser dispensado, emprestado ou qualquer outra coisa, não serve nem para reserva. Dybal é incógnita e Serginho, apesar dos gols, não inspira confiança. Precisamos de pelo menos dois nomes de envergadura para o meio, outro ano com apenas Valdivia não dá. Mendieta é útil, mas não é “o cara”. Dos que saíram, Ronny foi tarde e Rondinelly será sempre lembrado como uma lenda urbana.

Atacantes:
Alan Kardec, Vinicius, Rodolfo, Caio Mancha e Ananias. Aqui também é caso de nos preocuparmos. Kardec é o único confiável dos que estão confirmados para a próxima temporada. Vinicius mostrou evolução durante 2013, mas serve apenas como uma opção para banco. Ananias tem que ser devolvido o quanto antes, Caio Mancha não serve e Rodolfo – o único “reforço” – é uma incógnita. Leandro ainda não sabe se fica, mas de qualquer maneira, precisamos de reforços urgentes nessa posição, tanto para segundo atacante quanto para a reserva de Alan Kardec. 

Técnico: 
Gilson Kleina. Oremos. Apenas isso.

Time base no momento: Fernando Prass, Bruno Oliveira, Henrique, Tiago Alves, Juninho (Meu Deus!); Eguren, Wesley, Mendieta e Valdivia (em metade dos jogos); Vinicius e Alan Kardec. T: Gilson Kleina.

Espinha dorsal: Fernando Prass, Henrique, Eguren, Wesley e Alan Kardec. Não incluí o Valdivia pelo histórico de ausências, uma espinha dorsal séria não pode considerar um nome que, apesar de tecnicamente ótimo, não ajuda. 

Feito o raio-x do elenco e analisando o panorama atual, é impossível não ficarmos com os nervos à flor da pele e completamente receosos.  Com exceção do gol, há deficiências claras em todas as posições. Tudo o que estamos vendo no momento é a base da Série B, uma base sem reforços e ainda piorada. A espinha dorsal em si, nome a nome, não chega a ser ruim, mas não inspira aquela confiança de que tudo dará certo - lembrem-se que passamos nervoso em diversos jogos no maldito campeonato que foi a Série B. Essa reformulação deveria começar já quando fomos eliminados da Copa do Brasil (se muito, quando conquistamos o acesso). Quem está no comando merece todas as cornetadas do mundo, com razão. 

Somos uma torcida que sempre prezou pela qualidade e imponência. Tudo o que queremos para o centenário (e posteriormente) é um time que entre em campeonatos pensando em disputar títulos. Do jeito meia-boca que está, não vai.

Precisamos de reforços urgente e que venham para serem titulares, nos ajudando a impor respeito como sempre fizemos. Acordem!

Subimos, beleza. Agora façam um time digno de Palmeiras!
Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com

Francis e o gol que surpreendeu o Palestra Itália

O ano de 2006, conforme já dissemos em textos anteriores, começou cheio de esperanças e por pouco não terminou de maneira trágica. Com elenco nitidamente envelhecido e com a água no pescoço quando fizemos a pausa para a Copa, o então treinador Tite diagnosticou que o elenco precisava de sangues novos – literalmente falando. A partir daí, passou a usar mais jogadores oriundos da base do Palmeiras, entre eles estava o volante Francis.

O volante com nome de sabonete apareceu pela primeira vez na Copa São Paulo de 2003, junto com Vagner Love, Edmilson, Diego BDU Souza, Alceu, Deola e outros, quando perdemos nos pênaltis para o Santo André. Em relação aos citados, demorou muito mais para aparecer no time de cima, mas quando apareceu não empolgou ninguém. Pelo contrário, mais irritou do que passou segurança. Poderia dizer que lembra vagamente do nosso volante atual (que torço diariamente para que saia de uma vez) chamado Marcio Araújo, pois cometia os mesmos erros primários de fundamento, a marcação era falha e não impunha respeito algum perante os oponentes.

Na arrancada pós-copa que livrou o Palmeiras da degola, Francis fez a dupla de volantes com Wendel (esse mesmo, pois é) e o time engatou uma sequência de 11 jogos invictos – com muitos empates bestas, é bom ressaltar. E passado o momento de terror que nos atormentou por meses, por raros dias sonhamos com ao menos uma vaga na Libertadores.

E chegamos à última rodada do primeiro turno confiantes de que o time realmente conseguiria essa bela arrancada. O jogo que fechou o turno aconteceu no Palestra Itália contra o time do tapetão (vocês sabem de quem falo), em uma quarta que precedeu o aniversário de 92 anos do Palmeiras – o primeiro ano do Tsunami Verde. 

Estava em meu primeiro ano de faculdade e era a semana de comunicação, dias que não computavam faltas. Apesar de ter comparecido em tal evento nos outros dias, no dia do jogo resolvi ir ao Palestra (como fiz de maneira calculada por diversas vezes ao longo dos 4 anos de curso). Se tivesse ido para a faculdade eu provavelmente veria alguma palestra que não lembraria sequer o tema e perderia um gol antológico que ninguém acreditou que aconteceu.

O time do tapetão possuía bons nomes (Marcelo e Thiago Silva hoje estão na seleção da CBF), mas a confiança do Palmeiras era grande. Do alto da arquibancada vimos o zagueiro Nen abrir o placar logo no início da partida. Uma grande vitória se desenhava no horizonte.

E o Palmeiras massacrou o time dos subterfúgios jurídicos. A pressão era tanta que era questão de tempo que saísse o segundo gol logo. Foi ai que, na metade do primeiro tempo, vimos uma jogada que até hoje ninguém acredita que aconteceu: Francis roubou a bola na intermediária e avançou, passou por três jogadores com a desenvoltura de um sabonete (desculpem o trocadilho) e tocou na saída do goleiro jurídico. Ao comemorar não sabia se ficava feliz ou estupefato, porque o que vimos não era comum. Golaço antológico que deixaria Diego Maradona orgulhoso. Foi o gol mais bonito que vi no Palestra Itália naquele ano, superando a patada atômica de Alceu contra o Paraná (2006, a revolta dos bagres). E isso porque tínhamos jogadores com técnica bem mais apurada e capazes de fazer o que ele fez, por isso tamanha surpresa.

Depois cozinhamos o jogo em banho-maria e só aumentamos o placar no segundo tempo, com Juninho Paulista. Outros destaques da partida eram o tal lateral Chiquinho (tinha alguma habilidade, mas teve vida curta por aqui, sendo preterido por Michael) e a entrada de Valdivia (então promessa) no segundo tempo, invertendo posições com Juninho Paulista.

Após esse jogo passamos a sonhar com Libertadores, mas novos empates e derrotas estúpidas levaram a demissão de Tite. Marcelo Vilar o substituiu e conseguiu deixar todo palestrino em estado de nervos, até que Picerni entrou, venceu duas partidas que foram suficientes para nos livrar do rebaixamento. Ano terrível. 

Francis sobreviveu ao facão do final de 2006 e integrou o elenco em 2007. Se em 2006 as deficiências dele não eram tão latentes (ou tinha gente mais pesada na mira), com Caio Millhouse no comando ele desandou a fazer partidas ruins, sobretudo no Paulista. Com as chegadas de Pierre, Martinez e Makelele, o sorridente volante foi relegado à última opção de volante do plantel. Só em 2008, com o pofexô Madureira no comando, que Francis saiu do Palmeiras em definitivo. 

O volante mais enervou do que acrescentou, mesmo estando longe de entrar no rol dos piores volantes da história (fez muito menos cagadas do que o volante gente boa). De qualquer jeito, guardo na memória com carinho o golaço que fez na noite de 23/08/2006, contra o time do tapetão. Foi um golaço daqueles que não se vê todo dia. 

Ele também teve seu dia de craque.
Foto: Globoesporte.com

Viradas (in)esquecíveis II – Palmeiras 4 x 2 Ponte Preta (Paulista de 2006)

Continuando a série de viradas (in)esquecíveis iniciada na tarde de ontem (16/12), hoje abordarei o jogo contra a Ponte Preta, pela 15ª rodada do Paulista de 2006.

Palmeiras 4 x 2 Ponte Preta - Paulista de 2006
O ano de 2006, a primeira vista, parecia promissor. Tínhamos um dos destaques do campeonato anterior (Paulo Baier, o infame presente de natal), jogadores líderes que formavam uma base de respeito (Juninho Paulista e Gamarra), refugos em boa fase (Marcinho Gardenal e Marcinho Porpeta) e dois grandes ídolos (Marcos e Edmundo, que havia retornado). Claro, tínhamos também furos irritantes no elenco, tal como Lucio, Marcio Careca, Daniel, Valdomiro, Enilton e outros. Mas de modo geral, o clima era de esperança.

Esperança essa que levou um público de mais de 27 mil pagantes em um jogo de estreia, ainda no dia 10/01, data incomum – muito também pela estreia de Edmundo. Desde que comecei a ir ao estádio, não me recordo de tantas pessoas em um jogo inicial como nesse ano. 

E apesar de um início avassalador com diversas vitórias em sequência, perdemos o choque-rei e nosso castelo de cartas ruiu, logo, passamos a notar todas as deficiências latentes do time comandado pelo péssimo Emerson Leão (ídolo apenas em campo). Nas primeiras rodadas estávamos sem Juninho (que se jogou 4 vezes no semestre, foi muito) e a armação ficou sobrecarregada com Marcinho, que logo mostrava que não era aquele jogador voluntarioso que comemoramos quando veio do São Caetano – e que foi artilheiro do time em 2005. Paulo Baier (já com idade avançada) não rendia na lateral, comprometendo todo o lado direito. Daniel e Gamarra se davam mal com atacantes rápidos (e os reservas Leonardo Silva, Douglas e Valdomiro, bem...). Logo vimos que não seria um ano fácil.

Ainda assim caminhávamos bem no Paulistão, mesmo com o formato esdrúxulo de pontos corridos, praga que se fez presente pelo segundo ano seguido – felizmente o último. Comboiamos entre os líderes até a fatídica goleada sofrida pelo América-SP (4 x 1) em pleno Palestra Itália. Na rodada seguinte perdemos para o Santos, concorrente direto pelo título. Tudo parecia ter ido por água abaixo, mas uma vitória contra a Portuguesa (o jogo em que Alceu vestiu a 10, pois é) nos colocou de volta no páreo.

E ai só faltariam 5 rodadas. O jogo seguinte foi no Palestra Itália contra a Ponte Preta, no domingo de 19/03. 

Minhas memórias do pré-jogo são turvas, pois na noite anterior foi minha formatura do colégio. Como era um garoto de 18 anos que não estava nem ai para os bons modos, abusei da cerveja e vinho e virei a noite com os amigos. Não estava nem ai, mas sei que muitos palestrinos já fizeram isso também.

Sem pregar o olho e ainda meio tonto, fui para o Palestra Itália com meu pai, na esperança de que o time ainda demonstrasse vontade de ganhar o título. Embora não dependesse mais da gente, era possível.

Não sei se era o efeito retroativo da bebida, mas a dor de cabeça veio forte logo no primeiro minuto de jogo, quando a Ponte marcou o gol. Leão, gênio como sempre foi, armou o time com Marcinho Guerreiro, Correa e Marcinho na meia e Enilton, Edmundo e Washington Dumbo no ataque. Edmundo sozinho não faria milagres, óbvio que daria errado. 

Ainda grogue com a bebida e o primeiro gol, continuamos cantando na arquibancada, mas o time não criava e toda a pressão exercida era inútil. Como o time foi todo para frente e não tinha velocidade para voltar (a base era envelhecida, lembrem-se), tomamos o segundo gol. Parecia que tudo ali estava perdido de vez, tanto o jogo quanto o campeonato.

Com 2 x 0 para a Ponte, o solerte treinador grisalho teve uma epifania maluca que deu resultado: tirou Enilton e colocou Cristian Mendigo. Na hora ficamos meio confusos, afinal, tirar Enilton, que era um peso morto em campo, ok. Mas como raios virar o jogo com o desleixado meia hipster que erra passes de meio metro? Milagrosamente deu certo. Ganhamos o meio de campo e as oportunidades voltaram de maneira natural. Três minutos após a substituição, por volta dos 35 do primeiro tempo, Marcinho Porpeta diminuiu a contagem, dando uma esperança de que o time voltasse com tudo para o segundo tempo.

Felizmente, nos minutos finais do primeiro tempo o time manteve o embalo obtido pelo primeiro gol e para a nossa surpresa, aos 43, o animal Edmundo empatou o jogo. O Palestra explodiu.

Ainda extasiados com o súbito empate que veio em menos de 10 minutos, tudo o que pensávamos era “no segundo tempo iremos virar isso”. Foi melhor que a encomenda. Aos 45, na última jogada do primeiro tempo, Paulo Baier cruzou um escanteio na cabeça de Washington Dumbo e viramos o jogo. 3 x 2 para uma partida (e campeonato) que pareciam ter ido para o ralo até os 30 minutos do primeiro tempo.

No segundo tempo o Palmeiras só cadenciou o jogo, perdeu a chance de aplicar uma goleada histórica. A Ponte Preta não ameaçava, mas a euforia que tomou conta dos palestrinos durante o intervalo deu lugar a uma inesperada apreensão, afinal, o medo de que eles empatassem o jogo novamente era grande.

A tranquilidade definitiva só veio mesmo aos 44 do segundo tempo, com gol de Marcinho Guerreiro, em cobrança de falta de Edmundo. Fim de jogo, 4 x 2 que lavou nossa alma.

Essa virada nos deixou na vice liderança do Paulista, a dois pontos do Santos e faltando quatro rodadas. Poderia ser muito bem o jogo que marcaria o sprint final rumo ao título, mas infelizmente se mostrou como o último suspiro, pois empatamos o dérbi na semana seguinte e perdemos para o Paulista em Jundiaí, jogo que minou de vez todas as chances de título. 

A sequência desse ano foi a mais maldita possível. Na Libertadores fomos para as oitavas, mas fomos garfados. No Brasileiro, fizemos uma campanha ridícula e por pouco não fomos antes para o inferno que disputamos nesse ano de 2013. 

Mas a virada contra a Ponte Preta nos deu um dia a mais de esperança, mesmo que os dias seguintes fossem tortuosos.

E ele veio com status de craque. Pois é.
Foto: Fernando Pilatos/Gazeta Press

Viradas (in)esquecíveis - Grêmio 2 x 3 Palmeiras (Brasileiro de 2004)

“Lelele, lelele, leleô, ôôôôô. O Palmeiras é o time da virada, o Palmeiras é o time do amor”. ♫

O cântico que faz a introdução deste texto já foi entoado por diversas vezes em jogos do Palmeiras nas muitas vezes em que estivemos em situação adversa no placar. Nem sempre a virada de jogo acontecia e saiamos nervosos do estádio (Palestra, Pacaembu e por ai vai), mas nas vezes em que virávamos um jogo difícil, a satisfação ao final do prélio era dobrada.

Particularmente prefiro os jogos em que o Palmeiras esmague o adversário e imponha uma goleada impiedosa, afinal, a exigência pela qualidade e foco constante, é uma característica intrínseca de todo palestrino e comigo não é diferente. Mas viradas de jogos também causam boas sensações ao final do dia, especialmente pela demonstração de força e personalidade que o time mostra na luta para reverter o placar adverso. 

Nessa série de textos não falarei das viradas épicas que todos se lembram (ex: Palmeiras 4 x 2 Flamengo, noite Felipônica com atuação primorosa de Euller), mas sim das viradas pouco cotadas e que não são muito lembradas em nosso folclore alviverde, especialmente porque não resultaram em classificações ou títulos. Mesmo assim essas vitórias estão em nosso vasto arsenal de vitórias e certamente fizeram com que o nosso dia ficasse bem melhor.

Separei alguns jogos desses (in)esquecíveis, mas que me recordo da alegria ao final do jogo. Hoje a série começa com o jogo contra o Grêmio, válido pela 39ª rodada do Brasileiro de 2004.

Palmeiras 3 x 2 Grêmio – Brasileiro de 2004.
O Brasileirão de 2004 foi o primeiro que o Palmeiras disputou no maldito sistema de pontos corridos (que enfiem esse sistema onde o sol não bate) e mesmo com um time absurdamente fraco, fomos longe. Após um primeiro turno surpreendentemente bom (mesmo com derrotas ridículas, como contra Paysandu e Guarani fora e uma dolorida goleada sofrida para o Goiás em casa), perdemos o fôlego na primeira metade do segundo turno. 

Quando tudo parecia enfim perdido, o time engatou uma nova sequência de vitórias na reta final e voltou a sonhar com o título: vitórias contra um Juventude em boa fase, contra o CAP que era líder (foi um senhor jogo no Palestra Itália, diga-se de passagem, falarei sobre esse jogo em outra postagem) e contra o Botafogo (também no Palestra, em uma terça e com gol do Correa no final do jogo). O jogo seguinte seria contra o lanterna e praticamente rebaixado Grêmio em Erechim.

O Grêmio de 2004 não metia medo em ninguém, nem mesmo o peso da camisa do adversário era problema, tamanha ruindade dos jogadores que eles tinham. Mas o Palmeiras entrou desligado no primeiro tempo e tomou dois gols logo de cara, cortesia de um tal refugo chamado Claudio Pitbull – creio que tal desatenção coletiva tenha sido causada pela morte do zagueiro Serginho, do São Caetano, que ocorreu na mesma semana e chocou a todos. 

Como o jogo foi às 18h de um sábado e eu não tinha Sportv em casa, a solução foi ouvir o jogo pelo rádio, o que potencializou muito a minha angústia. O que me confortava é que eu sabia que aquele time do Grêmio era tão ruim que não era impossível reverter o placar, mas precisávamos diminuir no primeiro tempo para entrar com tudo na etapa final, o que infelizmente não aconteceu. Para piorar, o goleiro deles era o Marcio, aquele que tinha fechado o gol contra o Palmeiras na semifinal do Paulista meses antes, o que aumentava a sensação de “fizemos o mais difícil antes e hoje perderemos para o fácil”, o que era a história da nossa vida naquele ano. 

Foi ai que o atacante Ricardinho, “carinhosamente” apelidado de pé-torto - graças as suas conclusões que iam para a lateral -, entrou em ação ao marcar um gol logo no início do segundo tempo. Dava para virar. 

Mas o segundo tempo prosseguiu e nada acontecia, mesmo com Estevam "Fred Flinstone" Soares mexendo no time. Precisou o infame goleiro Marcio ser expulso para sonharmos novamente com a virada. Ai foi a vez de Thiago Gentil, que entrou no lugar de Nen (sério, como esse time foi pra Libertadores?), entrar em ação. O atacante que corria como se estivesse dançando ballet empatou o jogo e deu início a um verdadeiro blitzkrieg palestrino em busca da quarta vitória seguida.

E quando o jogo se aproximou da reta final, fui interrompido pela assustadora vinheta da “Voz do Brasil” e entrei em parafuso. Tudo o que pensava era “como esses desgraçados interromperam o jogo?”, completamente desesperado. Após essa inconveniência, meu coração parou de vez por diversos segundos, pois a primeira coisa que ouvi foi o locutor gritando gol. Quando finalmente falou “gol de Ricardinho, o Palmeiras vira a partida”, comecei a chorar e pular pelo quarto como se não houvesse amanhã. Foi no último suspiro da partida, não tinha ouvido o gol, pouco me importava como tinha acontecido, mas foi uma explosão muito forte de alegria, como poucas vezes tinha acontecido no ano corrente de 2004.

Foi a quarta vitória seguida, a segunda com gol nos acréscimos. Parecia que iriamos realmente engatar rumo ao título, ainda mais do jeito que estava acontecendo. Após esse jogo, ainda vencemos mais duas (Paysandu em casa e Figueirense fora), mas o sonho do título foi enterrado de vez ao perdermos para o rebaixado Guarani com um Palestra com mais de 22 mil pessoas – algo que infelizmente foi incomum naquele ano. 

A perda do título, somada com o sistema maldito de pontos corridos, fez com que esse jogo não fosse muito lembrado. Se conquistássemos o Brasileiro nesse ano, talvez lembraríamos com mais carinho dessa partida contra o Grêmio.


- Ia escrever outros jogos nessa postagem, mas como ficou grande, resolvi desmembrar e transformar em “série de textos”, portanto, teremos mais viradas (in)esquecíveis nas próximas postagens.

Os pós-jogos na Rua Caraíbas

Ao final de cada jogo no Palestra Itália, especialmente aos finais de semana com jogos às 16h e 18h, cada palestrino tomava seu próprio rumo: ou ia direto para sua casa, ou esticava o tempo no West Plaza (entre 2008 e 2010, também o Bourbon) ou aproveitava os estabelecimentos ao redor do Palestra para matar o tempo e viver o clima da esquina da Rua Turiassu com a Rua Caraíbas por mais algumas horas. Depois de grande, já com meus 18 anos, passei a fazer com frequência a última opção. Na medida em que fui conhecendo mais palestrinos, mais tempo passava com eles no pós-jogo.

Devido ao bom leque de redutos palestrinos na região, nunca sabíamos exatamente o que fazer ao descer as escadas e caminharmos pelo fosso em direção à Turiassu. Era comum estarmos em dúvida se comeríamos uma deliciosa pizza no Alviverde ou se apenas beberíamos cervejas até cansarmos no Bar do Sílvio. Muitas vezes, as duas opções juntas soava como uma ótima ideia, isso dependia também do resultado da partida. 

Duas situações que contrastam bem o clima de pós-jogo aconteceram no primeiro turno do Campeonato Brasileiro de 2007, ambas em um intervalo de mais ou menos um mês: a vitória por 2 x 1 em cima do Figueirense, na 2ª rodada, e a derrota para o CAP por 2 x 0, na 7ª rodada. 

No dia em que vencemos o Figueirense queríamos aproveitar a mescla entre a atmosfera positiva gerada pela boa vitória do Palmeiras e o belo final de tarde que a cidade de São Paulo proporciona em algumas ocasiões. O alto astral era explicável, afinal, vencíamos a segunda seguida e o futebol mostrado era diferente do Paulista e Copa do Brasil, torneios que fomos eliminados precocemente na temporada em questão. Nessa noite estávamos em um grupo grande de amigos e juntamos várias mesas de plástico na calçada entre o Bar do Sílvio e o Alviverde, pedimos algumas pizzas, muitas cervejas e comemoramos a vitória, compartilhando as esperanças para o restante da temporada, discutindo alternativas para o time e até concorrentes, temendo que o time tropeçasse por coisas bestas.

Nesse mesmo fim de tarde apareceu um senhor, muito bêbado, dizendo que fez parte das categorias de base do Palmeiras nos anos 60. Digamos que ele não era muito sutil, pois ele gesticulava com os punhos fechados e em uma dessas histórias aleatórias que ele contou (que não lembro exatamente porque também já estava com álcool no sangue) ele acertou minha cabeça, fato inclusive registrado em foto (que infelizmente não subo nessa postagem porque ficou em meu outro HD, que ainda não recuperei). Mas o bom humor era tanto que perdemos a noção do tempo, notamos a Turiassu se esvaziar, as camisas do Palmeiras eram cada vez mais raras na região, as luzes do Palestra Itália já não era mais vista e por fim rumamos para o metrô Palmeiras-Barra Funda com a sensação de que vivemos um dia de Palmeiras por completo.

Pouco mais de um mês depois a sensação ao sair do Palestra era contrária do que tinha visto na segunda rodada. Estávamos extremamente nervosos com a apatia do time no jogo contra o CAP, a atmosfera pós-jogo era de tensão, as vaias para todos naquele dia foram justíssimas e de postulantes ao título, já estávamos no meio da tábua de classificação, entrando no quinto jogo sem vitória. Eu estava tão nervoso que nem lembro por onde saí do estádio nesse dia – tudo por conta daquelas grades sem sentido instaladas na curva que atrapalhou muito por alguns jogos.

Nesse dia do jogo contra o CAP não teve pizza, apenas cerveja no Bar do Sílvio. A cada garrafa que pedíamos, era um xingamento diferente contra o então técnico (ou melhor, estagiário) Caio Júnior. Em goles, lamentávamos as oportunidades perdidas e conjecturávamos o que poderia acontecer na semana seguinte, um dérbi contra os gambás no panetone. Por outro lado, o simples fato de beber umas cervejas com os palestrinos que estavam tão nervosos quanto eu, ironicamente, me deixava mais tranquilo. No fundo do coração, quero crer que o fato de estarmos ali no Bar do Sílvio compartilhando nossas agruras, era um alento para todos os presentes.

Sinto muitíssima falta dos pós-jogos do Palmeiras no Palestra Itália, especialmente com meus amigos mais próximos, onde passávamos de minutos a horas infindáveis na região. O estádio municipal tem bons estabelecimentos nas redondezas, mas nenhum com a aura verde e branca que era exalada dos bares da região do Palestra.

Não sei como será o Palestra Itália assim que reinaugurado (tenho meus medos e uma certa tristeza referente a isso, algo a ser abordado em outro texto), mas ainda quero passar novos e bons momentos no pós-jogo com amigos palestrinos assim que voltarmos para a nossa casa. De um jeito ou de outro, as memórias que tenho dos pós-jogo nos arredores do Palestra Itália antigo são eternas.

Ps: também terá um texto que abordará o(s) clima(s) de pré-jogo(s) no eterno Palestra Itália.

O gol de falta de Pedrinho

O jogo estava já em seu final, assim como a esperança de cada palestrino, que parecia estar em sua última gota. Tudo indicava que novamente seriamos eliminados de maneira vergonhosa para um time pequeno, já que perdíamos por 3 x 2 para o Paulista em Araras (o estádio em Jundiaí estava suspenso) e o jogo da ida tinha sido um decepcionante empate por 1 x 1 no Palestra Itália, que havia acontecido na semana anterior. O destino quis que houvesse uma falta na entrada na área na última jogada da partida. Pedrinho, um dos raros talentos que tínhamos, ajeitou a bola e cobrou a falta com precisão cirúrgica, fazendo o gol e dando um novo sopro de esperança para uma torcida então combalida pelos anos anteriores de insucessos.

Meu coração saiu pela boca e comecei a chorar de alegria. Por diversos minutos que separaram aquele gol antológico e a decisão dos pênaltis, acreditei que a nuvem negra instalada no Palestra Itália iria se dissipar como um vento que abre o tempo após uma chuva forte.

Entre os minutos de sobrevida que tivemos, lembrei-me que mesmo com a base limitada que venceu a série B do ano anterior e que conseguiu piorar no ano seguinte, sem inspirar confiança alguma, o time realizou uma campanha interessante na primeira fase, atropelando alguns adversários de pouca expressão e sofrendo para conquistar placares apertados contra muitos outros desses times. Confiávamos na mística, na força da camisa, para que pudéssemos ter o prazer de ser campeão paulista depois de 8 anos esperando.

Recordei-me também que nesse campeonato a torcida começava a sofrer atentados no bolso. Por uma medida estapafúrdia da Federação Paulista, o preço do ingresso dobrou de um ano para o outro. Se até novembro de 2003 pagávamos módicos R$10,00 em um ingresso inteiro, em janeiro esse preço mudou para R$20,00, reduzindo muito de nossa torcida no estádio ao longo da campanha. Isso sem mencionar o tal “setor família” (localizado nas numeradas descobertas), que na prática se mostrou ineficiente. 

Veio-me a mente os poucos jogos que tivemos no Palestra Itália na fase de classificação, como a goleada na estreia por 5 x2, em cima do mesmo Paulista de Jundiaí, a goleada por 4 x 1 contra o Guarani, o gol marcado pelo Vagner Love no final do jogo contra o Oeste, garantindo a virada e a vitória por 2 x 1 e a chuva torrencial nos 4 x 2 contra o Santo André, mostrando que em casa a supremacia era alviverde, mesmo que o número de presentes tenha reduzido bastante em relação ao ano anterior.

Pensei nas quartas de final contra a Portuguesa Santista e os gols de Pedrinho e Vagner Love, que terminou o campeonato como artilheiro. Também me recordei da falta que Vagner Love fez no primeiro jogo da semifinal no Palestra Itália – o substituto era o Rafael Marques, o Linguiça. Um jogo errado, torto e mal armado, onde os 21 mil palestrinos viram o Diego BDU Souza dar um contra-ataque para o gol do apoiador Canindé. Reagimos e empatamos com Pedrinho, mas perdemos muitos gols, seja pela inoperância de nosso ataque, ou seja pela tarde que um tal goleiro medíocre chamado Marcio nunca mais teve na vida, defendendo a sua meta como uma muralha.

Fiquei nervoso pensando nos dias que antecederam esse prélio da segunda semifinal, em como a imprensa insuflou os ânimos dos torcedores com polêmicas com o então técnico Jair Picerni, mostrando mais uma vez o quão perniciosos poderiam ser. 

E recordei dos 89 minutos que antecederam a cobrança de falta magistral de Pedrinho, de como a defesa do Palmeiras, formada por Nen e Leonardo Perninha, foi presa fácil para o ataque do Paulista e de como tomamos 2 x 0 com rapidez. Vagner Love diminuiu ainda no primeiro tempo com um golaço de voleio, mas era insuficiente. A pressão que exercíamos não dava resultado e com isso tomamos o terceiro gol aos 34 minutos e tudo parecia acabado de vez: estávamos sendo eliminados pelo mesmo time que aplicamos 5 gols na estreia. O gol de Elson, em pênalti convertido aos 39 minutos, deu uma ligeira esperança, mas tudo parecia ter chegado à última gota com a falta na entrada da área no último minuto.

E por fim pensei no futuro, no quão queríamos esse título Paulista depois de anos de pilherias vindo da imprensa e de rivais menosprezando a força de nossa camisa. Estávamos com a faca e o queijo na mão para irmos a final. O adversário era nosso freguês, o São Caetano. E por mais que na época eles tivessem um time bem montado, ainda tínhamos coisas que eles não tinham e jamais terão: a força da camisa, história, tradição e uma torcida gigantesca. A imprensa obviamente colocaria o ignóbil time do ABC como favorito, ainda mais após eliminar o favorito Santos de maneira contundente nas semifinais, mas sabíamos que na prática a história seria bem diferente.

Todos esses pensamentos citados nos parágrafos anteriores vieram em minha mente em meio à catarse daqueles minutos espetaculares que antecederam a decisão via pênaltis. Aquele gol do Pedrinho me fez acreditar que a sorte tinha voltado para o lado da Turiassu, 1840. Era nosso, não tinha como ser diferente. Era o Palmeiras contra o minúsculo Paulista.

E na decisão dos pênaltis toda essa esperança foi por água abaixo. E da maneira mais cruel possível, pois tínhamos a dianteira faltando dois pênaltis a serem convertidos. Elson errou a quarta cobrança (depois de acertar em tempo normal), mas São Marcos, gigante como sempre, pegou a última cobrança do Paulista, bastava Lúcio, um lateral medíocre que na época estava com o ego batendo na Lua, converter a cobrança. Lúcio errou, fomos para as cobranças alternadas e Nen jogou fora toda a esperança que obtivemos entre o gol magistral de Pedrinho e o início das cobranças de pênalti.

Após esse jogo, Lúcio não teve mais paz. Já no jogo seguinte pela Copa do Brasil, contra o São Gabriel, o lateral sentiu a fúria da torcida e foi perseguido o jogo inteiro com justíssimas vaias. Nunca mais ele conseguiu a confiança plena da torcida, que perdurava até esse jogo fatídico.

Eu senti muito também pelo Pedrinho, um jogador talentosíssimo, mas azarado demais. A trajetória do reizinho no Palestra foi marcada por inúmeras contusões que o impediram de ter uma verdadeira sequência, boicote estúpido do Levir Culpi ao meia na campanha do rebaixamento (e o doping por antidepressivos na mesma campanha) e elencos medíocres que também não ajudavam em nada. Nesse campeonato, Pedrinho teve uma sequência que não víamos desde o Brasileiro de 2001 e esse gol mágico no último minuto poderia ser a consolidação do reizinho como um ídolo definitivo do Palmeiras, mas infelizmente, não foi assim. 

Após esse episódio, Pedrinho ainda se machucou e esteve fora da vergonhosa eliminação do Palmeiras na Copa do Brasil, mas foi um dos pilares para que o time alcançasse a Libertadores da América no ano seguinte, chegando inclusive a ser convocado pela CBF nesse período. Em 2005 voltou a ter novas lesões e quando recuperado passou a amargar o banco de Juninho Paulista até que Leão o descartou de vez e da pior maneira possível. 

Esse gol do Pedrinho nos proporcionou uma montanha russa de sentimentos e vimos que nossos sentimentos conseguem atingir extremos, indo da mais profunda desesperança para a alegria completa em frações de segundo. E, infelizmente, indo da mesma alegria para a tristeza e raiva em questão de minutos. 

E que em 2014, nosso sentimento seja apenas alegria, a começar pelo Campeonato Paulista.

"Ei, ei, ei, o Pedrinho é o nosso rei".
Foto: Ayrton Vignola/Folhapress

O amor abençoado pela arquibancada

Não é incomum você caminhar pela arquibancada ou virar para os lados e observar casais sentados no concreto antes de uma partida de mãos dadas, partilhando a aflição de uma partida difícil, a catarse de um gol e principalmente o amor pelo Palmeiras. Também não é difícil ver um casal se beijando na arquibancada como forma de conforto instantâneo em meio ao clima de guerra que proporcionamos ao adversário, seja em jogos difíceis ou partidas mais amenas. 

Às vezes paro por um momento e fico imaginando cada uma dessas histórias, se elas começaram ali mesmo na arquibancada ou se apenas o amor pelo Palmeiras e pela arquibancada eram coisas em comum e por fim decidiram unir forças no concreto. Puro devaneio no qual só podemos palpitar, afinal, são faces desconhecidas e que no fim se desfocam na memória ao piscar dos olhos. 

Mas já vi um amor entre palmeirenses germinar na eterna arquibancada do Palestra Itália, mais precisamente na noite de 13 de julho de 2006, uma quinta consideravelmente quente para os padrões do mês de julho. O jogo em questão era contra o Vasco e era o primeiro pós-copa (um período que nos salvou o pescoço). A situação nossa na tabela era a pior possível – éramos vice-lanternas – e precisávamos de uma reação urgente. Mas mesmo com toda essa penumbra que pairava no ambiente alviverde, foi possível ver como o destino uniu dois palestrinos fanáticos em meio à má fase do Palmeiras.

Pode-se dizer que esse sentimento surgiu como um embrião em mais uma noite magistral de Edmundo, jogando como o animal de sempre e marcando dois gols na vitória por 4 x 2, que deu início a uma interessante trajetória de recuperação no Campeonato Brasileiro de 2006. 

Ou podemos também dizer que esse amor veio da coincidência de estarmos caminhando na arquibancada, na parte onde posteriormente estragaram tudo ao instalarem um Setor Visa, rumo aos nossos lugares e simplesmente ver uma história começar com um simples “oi, tudo bem?” vindo de uns degraus abaixo. Coisa do destino, com um símbolo verde e branco. Mas o palco definitivo desse início foi a saudosa arquibancada de concreto do Palestra Itália.

O fato é que após esse dia, tive a felicidade de partilhar incontáveis histórias com esse casal dentro da arquibancada nos anos subsequentes. Comemoramos muitas vitórias, amargamos tristes derrotas, tomamos muito sol e chuva na cabeça e vimos diversos jogadores dos mais diferentes estilos (bons e ruins) passarem pelo Palmeiras ao longo desses anos todos. Indo além do Palmeiras, digo que são amigos para a vida que me orgulho de ter conhecido e no qual agradeço eternamente pelas risadas proporcionadas em momentos divertidos nesses anos todos.

Assim como eles e conforme disse no primeiro parágrafo, muitos casais palestrinos se formaram (ou mesmo se desfizeram) ao longo dos tempos. Se foi na arquibancada ou não, pouco importa, mas ver que histórias de amor foram gravadas em pedra nas arquibancadas (ainda que simbolicamente falando) juntas com o amor pelo Palmeiras, isso não tem preço que pague. 

E que muitos outros casais tenham a benção da palestrinidade e das arquibancadas. Que um palestrino(a) e sua metade especial tenham momentos especiais para comemorarem nos próximos anos, com muito amor e títulos. Todos merecem.

- Esse texto é uma homenagem minha (Marcus) para dois amigos palestrinos que estão noivos e que me inspiraram a escrever esse texto, mas se estende para todos os casais de palestrinos espalhados pelo mundo, especialmente aqueles que têm a felicidade de assistirem um jogo juntos na arquibancada. Não sei o sentimento, mas não deve ter preço que pague assistir o time que ama com a pessoa que ama e que seja tão fanática quanto você.

- Vale outra ressalva pessoal: sou extremamente contra torcedores de outros times virem para jogos do Palmeiras unicamente por estarem em casal. Jogo do Palmeiras é para palmeirenses e são esses que devem estar presentes. Um lugar de palmeirense pronto para a batalha não pode ser tomado por torcedor de outro time que está lá só para fazer média. Ponto final.

Arquibancada é o melhor lugar. 

A estreia do Brasileiro de 2004 e os pontos corridos

O ano de 2004 foi muito estranho. No mundo do futebol, aberrações como Santo André, a seleção da Grécia, Once Caldas e o odioso São Caetano conquistaram títulos de magnitude, contrariando prognósticos de todos. Foi um dos anos menos memoráveis que se tem notícia no futebol, tanto que uma das principais lembranças que tenho é da baixa média de público que dominou a temporada como um todo.

A temporada também foi estranha para o Palmeiras. No ano anterior subimos e surgiram algumas revelações da base durante a temporada de 2003 que somadas com alguns enxertos de qualidade duvidosa (isso sendo brando), deram liga naqueles quadrangulares finais. Era de se esperar uma melhora na base? Sim. O que aconteceu na prática? O time piorou demais. Cortesia de um comando defasado que claramente não dava a mínima para futebol e torcida. Já no segundo jogo do ano perdemos o atacante Edmilson (hoje no Vasco) e com isso Muñoz foi alçado para titular, revezando com o maior “reforço” da temporada: Adriano Chuva. Pois é. Ainda tivemos um jovem da base chamado Rafael Marques – vulgo Linguiça e muito ruim de bola – que virou opção para o banco. 

Do time base, os únicos que se salvavam eram Marcos (Sergio no segundo semestre), Nen (outro que havia chegado), Marcinho Guerreiro, Magrão (o fato de termos considerado esse pulha um ídolo mostra o quão ruim estávamos), Pedrinho (que engatou uma sequência sem lesões no Paulista) e Vagner Love. Quanto aos outros destaques da série B, a máscara caiu e logo vimos o quão péssimos eles eram ao longo do tempo. Lúcio, Diego BDU, Baiano, Elson, Glauber (que nunca saberemos o porquê de ter sido convocado para a seleção CBF em 2005), Alceu e outras tranqueiras, nos irritaram por muito tempo.

Depois de naufragarmos no Paulista após perdermos nos pênaltis para o Paulista de Jundiaí (abordarei mais jogos do Paulista desse ano em outro texto e com mais detalhes), ainda teríamos a Copa do Brasil (a mais fácil de todas) e o Campeonato Brasileiro, com 24 times e 46 longos jogos de turno e returno. Nossa primeira incursão em pontos corridos não poderia começar de um jeito mais maçante. 

E começou em uma quarta chuvosa, em pleno feriado de Tiradentes (21/04/2004). A cidade úmida e escura já indicava que o Palestra Itália não lotaria contra o Atlético-MG. Só não digo que foi a estreia mais melancólica de Brasileiro que já vi porque nada supera aquele jogo contra a Ponte Preta em 2006, também com chuva e com marcha fúnebre feita em uma arquibancada vazia em forma de protesto contra a má fase do time.

Realmente não foram muitas pessoas para ver um chatíssimo zero a zero em que o destaque foi São Marcos com belas defesas digno do melhor goleiro do mundo que sempre foi. Não sei o público exato da tarde (pesquisei, mas não achei), mas não tinha passado de 10 mil testemunhas. Lembro exatamente das feições de tédio e desânimo de cada palmeirense naquela partida, se misturavam com a água da chuva e com o ambiente escuro. Talvez fosse o jogo ruim e a falta de ações dentro de campo, mas pensando um pouco mais, imagino que talvez fosse um presságio do que veríamos por anos a fio nesse modelo de campeonato: longas rodadas e uma pasmaceira sem limites. Pontos corridos são uma praga, simplesmente não funcionam aqui no Brasil. 

No campeonato de 2004 foi ainda pior. Se hoje ficamos aborrecidos com as longas 38 rodadas, naquele ano foram 46. Não era incomum ter jogos com baixa presença de público, só mesmo nas rodadas finais, quando almejávamos título e engatamos uma sequência de seis vitórias (com o elenco ainda pior do que o citado parágrafos acima) que houve uma ligeira melhora na média de público – a construção da arquibancada verde limão tomou conta de grande parte do ano, impedindo a entrada via Turiassu, mas não era esse o fator que expelia as pessoas.

Em uma postagem recente em meu Facebook, disse que o sistema de pontos corridos é uma estaca no coração do futebol. Matou o imprevisível, a emoção das decisões e tiraram até tirando a torcida dos estádios - de quase todos os times. É triste acompanhar campeonatos nos quais o vencedor é "o menos incompetente", premiando a covardia de times medíocres que não se arriscam.

De qualquer maneira, que em 2014, o Palmeiras entre para vencer e honrar a disputa, independente se gostamos ou não desse sistema enfadonho e ridículo.

Morte aos pontos corridos.

Meia entrada por R$7,00 no bom e velho Palestra Itália. Tempo bom que não volta mais.

Valdivia, o Justin Bieber da Água Branca

É impossível ficar alheio à presença do chileno Jorge Valdivia no Palmeiras. Dono da camisa 10 que já pertenceu a tantos craques desde agosto de 2010, as reações sobre o chileno são sempre variadas - uns amam e outros não o suportam mais. Me encaixo na segunda opção e por isso me propus a analisar mais friamente o porquê disso tudo ter chegado a esse ponto, desconstruindo a segunda passagem dele, na qual ele esteve muito longe de justificar uma idolatria desmedida e sem nenhum motivo para ainda continuar.

Eu enxergo o Valdivia por dois períodos diferentes. O primeiro, que vestiu a camisa entre 2006 e 2008, era um jovem meia-armador talentosíssimo e que buscava seu lugar ao sol com picardia, talento e vontade de se eternizar por aqui. Se identificou com a torcida justamente por crescer em jogos importantes, sobretudo os clássicos – acabou com os gambás em quase todas que jogou. A conquista do Paulista de 2008 foi épica e ele foi o destaque do time, especialmente ao sapatear sobre o cadáver Leonor no Palestra Itália, mandando o goleiro de hóquei calar a boca naquela que foi a verdadeira final do campeonato. Ele saiu na metade do Campeonato Brasileiro do mesmo ano e ouso dizer que se jamais tivesse voltado, a imagem que teria dele realmente seria a de ídolo absoluto do século XXI – claro, sem a magnitude dos outros ídolos do passado, mas com a importância de nos tirar de uma incômoda fila que já estava no oitavo ano. 

Mas ele voltou – e comemorei muito a volta, não nego – cercado de muitas expectativas e com um salário altíssimo. A missão dele era para conduzir o Palmeiras para títulos e ser o cara e se consolidar de vez como um dos maiores meias da história. Infelizmente para muitos (eu incluso) ele conseguiu destruir sua ótima imagem talhada anteriormente, ao ponto de não suportarmos a presença dele no plantel e não entender o porquê de ter uma parcela da torcida que ainda o idolatra como se ele fosse o craque do século. No momento em que veste novamente a camisa do Palmeiras, tem que respeitá-la por todo instante. Se apoiar no passado não dá salvo conduto para se achar mais importante do que o Palmeiras. 

Entre 2010 e 2012, Valdivia jogou menos de 50% dos jogos sendo que quase nenhum deles foi decisivo, badalou até não poder mais e desdenhou da torcida, sequer demonstrando comprometimento com a situação difícil do time – alguém o viu durante a reta final de 2012, mesmo que seja para dar um apoio moral para quem estava em campo? Isso sem contar que nesse período, o único jogo em que ele realmente foi decisivo foi a segunda partida contra o Grêmio na Copa do Brasil, onde ele anotou um gol que acalmou os ânimos (estava suspenso no jogo de ida, onde o mais difícil foi feito). Mesmo assim, foi expulso no primeiro jogo da final e quase pôs tudo a perder. 

Na campanha vergonhosa em que fomos rebaixados ele fez pior. Com zero gols e zero assistências, ele passou grande parte do primeiro turno fora e quando jogou, fez partidas bem ruins, longe de ser o cara que tanto botamos expectativas em sua volta. Em 2011- ano em que só não caímos porque o primeiro turno foi bom - já tinha sido assim, mas as constantes ausências da estrelinha foi parcialmente eclipsada pela crise causada pelo Judas30. 

Com a queda para a segunda divisão, era de se esperar que o mico fosse defenestrado de uma vez por todas, correto? Da minha parte (e de muitos outros) sim. Porque iriamos querer um estrelinha que não ajuda o time quando precisamos? Não faria o menor sentido apostar no mesmo erro novamente. 

Inacreditavelmente ele ganhou mais moral e idolatria do que se imaginava previamente. E não é nem um pouco justificada, nem mesmo por um suposto saudosismo pelo período mágico entre 2006 e 2008.

O ano de 2013 foi mais um para apagar da memória, fomos eliminados brutalmente de todos os torneios bons que disputamos e fomos castigados com 38 longas rodadas na Série B. E o que Valdivia fez para ter tanta defesa durante esse ano? Nada demais.

No primeiro semestre, Valdivia inexistiu. Até junho, o chileno jogou 9 partidas e ficou fora do restante dos outros jogos, tendo uma longa sequência de 20 jogos no estaleiro. Perdeu clássicos e por “não se sentir seguro” (essa foi a justificativa do então "craque do time"), deixou de jogar os jogos decisivos do Paulista e Libertadores.

A milésima volta do chileno aconteceu após a Copa das Confederações. E ele voltou bem, jogando verticalmente, abrindo ótimos espaços nas defesas, dando alguns passes dignos de mago e lembrando vagamente daquele jogador que foi ótimo entre 2006 e 2008. Mas isso foi na Série B, torneio em que mesmo sem ele, subiríamos com a mesma facilidade. Nem tanto pela qualidade do nosso time, que era (ainda é) bem fraco, mas pela disparidade técnica entre os adversários. 

Mesmo depois da volta, ele teve uma sequência de jogos e se machucou pela milésima vez justamente antes do nosso último confronto realmente importante do ano: Atlético-PR. Ele não participou de nenhum dos dois jogos e apesar de não ter sido o fator principal da eliminação (essa “honra” fica para o Kleina), certamente a presença dele poderia ter dado outra dinâmica para essas partidas. Mas três dias depois, ele estava lá, inteiro e jogando contra o Ceará.

No segundo turno da maldita Série B, alternava sequência de cinco ou seis jogos com períodos em que estava com a seleção chilena. Só foi fator decisivo em duas partidas (Avaí e Joinville), de resto, bateu seu cartão como todos os outros. No jogo contra o Sport percebi que os valores estavam invertidos ao ver que ele teve o nome gritado ao ser substituído, enquanto Wesley, que fez os dois gols e definiu o jogo sozinho, teve aplausos discretos. 

Os próprios números dele em 2013 não justificam essa histeria em cima dele. De 67 partidas que jogamos nesse ano, Valdivia só esteve presente em 27 delas. Mesmo sendo meia, até em gols ficou devendo em relação aos outros já que fez apenas 4 no ano inteiro, enquanto até outros de posições defensivas fizeram mais (Wesley, Charles, Vilson, Henrique e até o Juninho fizeram de 4 gols para cima).

Não entendo tamanha idolatria com alguém que não justifica a presença (ou melhor, ausências contínuas) no Palmeiras. Toda vez que questiono, ouço alguns argumentos, então vamos a eles:

“Ele é patrimônio do clube e não podemos desvalorizá-lo”.
Errado. O maior patrimônio do clube é a nossa enorme torcida espalhada pelo Brasil inteiro. E ao fugir de tantas decisões, ele desrespeita o verdadeiro patrimônio do Palmeiras.

“Sai ele e entra quem?”
Desculpa, mas quem fala isso para mim está conformado. Essa resignação é perigosa e dá carta branca para o chileno fazer do Palmeiras o seu quintal. Cabe aos diretores procurarem outro meia que orquestre um meio de campo que já teve Ademir da Guia, Alex, Zinho, Djalminha, Rivaldo e outros. Perto deles, Valdivia é uma vergonha.

“Ah, mas você é corneta e ele vai calar a sua boca”.
Espero isso desde que ele voltou, em 2010 (e na época eu acreditava nele). Estamos entrando em 2014. Depois de 4 anos, ouvir esse discurso soa como piada de muito mau gosto. 

“Não tem meias como ele”.
O que mais tem por ai é jogador habilidoso esperando uma chance. E mesmo se não tivesse, devemos ser reféns de alguém que joga menos da metade do tempo e não joga jogos decisivos?

“Você só corneta os jogadores bons. Porque não corneta os ruins?”
Corneto todos que estejam desonrando a camisa do Palmeiras. E corneto ainda mais quem tem relativa habilidade, mas que não serve para nada no final das contas.

Comparo essa histeria em relação ao Valdivia com a de adolescentes fãs de Justin Bieber. O ícone pop é um dos piores elementos da história da música, não tem o menor apreço pelos fãs e ainda os desrespeitam, tem constantes ataques de estrelismos e ainda é defendido com unhas e dentes, sem justificativas aparentes e convincentes. O Valdivia (de 2010 em diante) é a versão futebolística do Justin Bieber. Eu mesmo já fui taxado de corneteiro por diversos amigos por dizer que o Valdivia não serve para vestir essa camisa gloriosa, mesmo citando todos os motivos acima.

Desde a aposentadoria de São Marcos estamos órfãos de ídolos e abordamos tal carência anteriormente. É compreensível que alguns procurem um ídolo de maneira incessante só para ter algo no qual podemos dizer "esse eu vi jogar". Valdivia seria o cara para preencher essa lacuna e todo o background construído entre 2006 e 2008 apontava para isso, mas desprezou essa chance e hoje deve muito para a torcida, especialmente para a parcela cética, que tem toda a razão do mundo em corneta-lo. A única explicação para que ele tenha alguma moral é a esperança sem sentido de que ele volte a ser aquele cara que encantou a torcida em 2008. Mas depois de 4 anos, um rebaixamento e diversas eliminações, soa como insanidade depositar esperanças nisso.

Um time sério e que almeja algo grande durante a próxima temporada não pode montar um time contando com esse ídolo de barro (literalmente, pois desmancha fácil). Uma espinha dorsal que se preze precisa de alguém constante dentro de campo, um meia-armador que seja um líder (algo que ele deveria ser, mas não é), não alguém que fica fora mais da metade do tempo e nos deixa na mão em jogos que precisamos dele. Isso não é ídolo, é um omisso e que atrapalha a própria construção de um time.

Se algum milagre acontecer e ele calar minha boca serei o primeiro a admitir, mas duvido muito que isso aconteça. Eu, que pedi a volta dele entre 2008 e 2010, não acredito mais nele.