Ataque contra defesa, e empate.

O Palmeiras massacrou o Audax durante quase todo o jogo na tarde deste domingo no Pacaembu. Mas, com inúmeras falhas no ataque e uma única falha na defesa, acabamos saindo com apenas um empate em 1x1. Se por um lado perdemos os 100% de aproveitamento, por outro o resultado pode servir para o time manter os pés no chão antes do Derby do próximo domingo. Esse jogo vale quase tanto quanto o campeonato. 

O Audax tem um estilo de jogo peculiar. Muito toque de bola, nenhum chutão, muitos recuos para o goleiro, e até uma certa irresponsabilidade na saída de bola, sempre pelo chão. Isso exige que o time jogue adiantado, pressionando a saída de bola e diminuindo os espaços para os passes. O Palmeiras fez uma parte disso. Valdívia, Kardec, Leandro, Mazinho e Wesley apertavam a saída de bola, mas faltou o avanço dos outros cinco jogadores. Com isso, quando o Audax passava da nossa primeira linha de marcação, fatalmente ia ao campo de ataque. Mas lá atrás estávamos bem posicionados. Marcelo Oliveira mais uma vez foi firme na marcação e William Matheus incrementou o poder defensivo da equipe. 

(Foto: Rodrigo Gazzanel/Agência Estado - G.E.)


Com isso, o Audax só ameaçou no primeiro tempo em chutes de fora da área, a maioria sem direção. Dois foram no gol, e Prass defendeu ambos sem problemas. Já o Palmeiras, com muita disposição pra roubar a bola perto da área e contando com uma ótima partida de Valdívia, teve no mínimo cinco ótimas chances, quase todas com Leandro. Ele se movimentava com inteligência, aparecia pro jogo, e as chances surgiam. Mas na hora da finalização faltava pontaria, e em algumas oportunidades sobrou individualismo. Na melhor chance, ele aproveitou um passe errado do Audax, invadiu a área com a bola dominada, podia rolar para Valdívia que estava livre, mas preferiu dar o corte em dois zagueiros e bater de esquerda. A bola raspou a trave. A última chance foi com Valdívia, que tentou o golaço por cobertura mas errou por muito pouco. 

O segundo tempo começou igual ao primeiro, mas aos oito minutos veio a falha defensiva que mudou o jogo: lateral pela esquerda do ataque do Audax, Lucio chegou atrasado e a bola sobrou para Thiago Silvy dentro da área. Wellington chegou na cobertura, mas quis apenas proteger o gol ao invés de partir pro desarme. Silvy tocou por cobertura pra dentro, William Matheus perdeu a dividida e a bola sobrou para Denilson, que encheu o pé, sem chances para Fernando Prass. Os dois zagueiros falharam no mesmo lance, o resultado não poderia ser outro. 

Com a derrota parcial, Kleina agiu rápido e colocou na partida Marquinhos Gabriel e Diogo nos lugares de Mazinho e Leandro. Os dois entraram bem, e logo Diogo perdeu uma grande chance batendo de esquerda para fora após receber lindo passe de calcanhar de Alan Kardec dentro da área. Mas com o tempo, a falta de iniciativa do Audax, além do excesso de passes na defesa, foi tirando a paciência do Palmeiras, e o time de Fernando Diniz conseguia ficar muito tempo com a bola, irritando inclusive a torcida. 

Kleina também corrigiu isso trocando Wesley, estranhamente disperso, por Mendieta. O paraguaio assumiu um posicionamento próximo a Valdívia, o que voltou a dar volume de jogo ao Palmeiras, e a partida virou ataque contra defesa outra vez. Em uma das trocas de passes entre os meias, Marquinhos Gabriel encontrou Valdívia, que sofreu falta na meia-lua. Mendieta cobrou bem e acertou o travessão. O gol estava maduro, e veio aos 32: Wendel sofreu falta pela direita. Na cobrança, a zaga afastou, Mendieta pegou o rebote e, meio de costas pro gol, bateu de virada, rasteiro, acertando o cantinho de Felipe Alves. 

Logo em seguida, a chance da virada. Marquinhos Gabriel entrou na área e foi desarmado por Francis, o craque sabonete, ex-Palmeiras. O juiz, muito próximo ao lance, inexplicavelmente deu pênalti. Era a chance de se fazer justiça no placar através de uma injustiça da arbitragem. Aí faltou malandragem ao Alan Kardec. Todo mundo viu que ele bateu os últimos dois pênaltis no canto esquerdo. Era óbvio que desta vez o goleiro iria pro canto direito, era só esperar, ou então bater no meio. Mas ele fez exatamente o que o goleiro esperava, bateu rasteiro no canto direito e Felipe Alves defendeu. Kardec ainda teve a chance no rebote, era só rolar pro meio, onde Wendel entrava livre pra fazer seu primeiro gol, mas Kardec bateu em cima do goleiro de novo. 

O pênalti perdido podia dar moral ao Audax, mas o que se viu foi um massacre do Palmeiras, e chances perdidas em profusão. A última foi com Valdívia, que recebeu cruzamento de Wendel, mas bateu fraco, possibilitando a defesa do goleiro. E foi assim até os 49, com a bola fazendo questão de não entrar. 

As lições a se tirar deste jogo:
1. Kleina parece que está finalmente se tornando um treinador. Fez as modificações certas na hora certa, não se intimidou, enfim, fez o que tinha de ser feito. 
2. William Matheus está pronto para ser o titular da lateral esquerda, a despeito da melhora de Juninho em relação ao ano passado. 
3. Mendieta é útil, bom jogador, técnico, inteligente. 
4. Bruno César tem lugar no time titular, mas pra isso Wesley tem que marcar mais, pois Bruno César não fará o que Mazinho faz taticamente. 
5. Wendel pode continuar na lateral se for o Wendel do segundo tempo, o do primeiro tempo não serve. 
6. Marcelo Oliveira cavou sua vaga no time titular, está incornetável em 2014. 
7. Leandro precisa treinar finalizações. 
8. O elenco está muito encorpado. O banco de reservas oferece opções a Gilson Kleina e ele está sabendo aproveitar. 

Agora teremos uma semana inteira de treinos antes do Derby. Já poderemos contar com Bruno César e Josimar, e talvez com Victorino. Será a semana mais importante do ano até aqui. É entrar com confiança e pés no chão no domingo, pois, como já dito aqui anteriormente, eles estão tremendo. 

Atuações: as notas de hoje foram dadas por Thiago, Ariane, Mariana, Marcus, Renato, Juliane, e a participação especial do amigo Eduardo Henrique (@eduhdj), a quem agradecemos e convidamos a voltar sempre. Para nós, o melhor foi - finalmente, pela primeira vez - ele, Gilson Kleina. Um ótimo sinal, uma prova de que ele pode surpreender a todos nós e se transformar de ponto fraco em comandante das conquistas do Centenário. Parabéns, e que continue assim. Entre os jogadores, destacamos Prass e Mendieta. O pior foi Wesley, uma atuação esquisita. Esperamos que volte aos bons momentos, pois precisamos muito dele. 


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