Me Fizeram Palmeirense


Ainda criança, muito criança, numa dessas rodas onde eram feitas grandes disputas de bolinha de gude, as crianças perguntavam umas pras outras para que times torciam. Perguntavam, pois, mesmo a cidade tendo times pra torcer (na época eram 2 - Criciúma e Prospera), nenhum dos dois tinham grande destaque, e sei lá por qual motivo, mas as crianças daquela época tinham sempre 2 times. Bom, numa dessas, na minha vez de responder meu irmão se antecipou e disse: Ela também torce pro Palmeiras! Eu, que era muito pequena, nem sabia quem era o Palmeiras, mas se ele disse então devia ser bom. "Isso, eu torço pro Palmeiras!". Ali, sem que eu pudesse saber, nascia a maior paixão da minha vida. 

Vivi (e ainda vivo), no interior do Brasil, nunca pude, durante a infância, ter muitas informações sobre meu time. Meu irmão e eu não tínhamos uma referencia para nos apresentar todas as glorias do Alviverde Imponente. O que eu tinha de contato com o Palmeiras eram os jogos, quando transmitidos no canal aberto da Tv, e as matérias dos programas esportivos. Depois de quase adulta é que pude conhecer mais sobre nossa historia, através da internet. Fui ter minha primeira camisa quando consegui meu primeiro emprego. Fui ver o Palmeiras em campo pela primeira vez quando veio enfrentar o Criciúma pelo Brasileiro de 2004. Não pude ir à torcida Palmeirense, minha mãe não permitiu por conta da fama de ser violenta. Então, tive que ir à torcida do Criciúma mesmo. Tudo bem. Ganhamos com placar de 1x2. Foi um jogo difícil, muitos cartões. Ainda mais difícil estava pra mim, querendo gritar a todo momento, empurrar o time, soltar o grito de gol preso na garganta. Esperei tanto por aquele dia e não estava sendo exatamente como eu havia planejado, nem o manto eu estava usando. No fim da partida, continuei sentada ali na arquibancada, sozinha... Chorei! Um choro apaixonado, emocionada com meu primeiro encontro. Um choro já de saudade, por não saber quando seria a próxima vez. Um choro de alegria, por ver que aquela camisa era ainda mais linda ali, perto de mim. Chorei porque, bom, vocês podem imaginar todos os motivos.

Alguns anos depois e já com a possibilidade de ir em jogos com mais frequência, e também com as maravilhosas redes sociais, descobri que os torcedores eram separados por: organizados, comum, os que viram a catraca e os de sofá (meu caso). Foi meio difícil entender isso no começo, mas parando pra analisar melhor, não deixava de fazer sentido, afinal, foi ali no sofá onde vivi e vivo a maioria das emoções junto com o Palmeiras. E quantos sofás eu já quase quebrei pulando de alegria, gritos e xingamentos de assustar a vizinhança (eles se acostumam), quantas orações e promessas fiz ajoelhada em frente a tv! 

Defino a sensação de ser torcedor de sofá como: agoniante!

O Palmeiras me trouxe sempre muitas alegrias, seja num grito solitário de gol ou abraçando estranhos na arquibancada, me trouxe grandes amizades e até o Amor. Sempre foi difícil pras pessoas entenderem de onde vinha tanta paixão por um time que eu cresci sem poder acompanhar de perto, na verdade, é impossível que entendam né?!

Por sorte, eu não ligo pra nada disso. Enquanto as pessoas se preocupam com o time que eu torço, ou em que categoria de torcedor me encaixo eu pego o controle remoto, sento em meu sofá e peço silencio, pois minha paixão vai jogar.

4 comentários

O amor pelo Palmeiras transcende barreiras e ultrapassa fronteiras.

Sensacional mesmo! Emocionante relato sobre a primeira ida ao estádio.

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Na verdade, minha primeira vez em um estádio foi aos 6 anos, já era Palmeirense, em 2004 com 17 anos, foi a primeira vez que via o Palmeiras jogar. E nem tem comparação com todas as outras vezes que havia ido anteriormente nos jogos de outros times.

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Belo texto, emocionante a descrição da primeira ida ao estádio.

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