Dever cumprido

Não foi do jeito que a torcida queria, mas estamos de volta. Numa tarde de pouca inspiração, o Palmeiras martelou, criou, tentou, finalizou 29 vezes (nossa média no campeonato é de 17), mas a bola não entrou e o jogo do acesso terminou em 0x0, tirando o brilho da festa. Mas não anula a campanha de 21 vitórias em 32 jogos, e o acesso com seis rodadas de antecedência. Em um campeonato que termina em dezembro, atingimos o objetivo ainda em outubro. 

Há um mês, Pintado era treinador do América de Natal. Veio ao Pacaembu, armou uma retranca absurda e saiu com o 0x0. Estava na cara que ele faria o mesmo pelo São Caetano. Entrou com um 5-4-1 em que Fabinho, teoricamente um volante, na prática veio como mais um zagueiro, marcando individualmente Alan Kardec. O centroavante Marcelo Soares fechava o quadrado do meio-campo, e Cassiano era o único atacante. Surpreendentemente, Valdivia tinha espaço para jogar. E como jogou no primeiro tempo! Jogadas individuais, passes sensacionais, dribles, mas infelizmente as jogadas não tinham sequência. As razões: Alan Kardec não escapava da marcação de Fabinho, Vinicius e Ananias eram marcados pelos laterais do São Caetano e, com isso, eles ficavam com dois zagueiros na sobra. Vinicius estava muito mal, além de errar muito ainda escorregava. Juninho apoiava pelo meio, ao invés de abrir na esquerda. Wesley muito recuado. E as únicas opções acabavam sendo Ananias e Luis Felipe pela direita. 

Outro adversário foi a ansiedade, em diversos momentos os jogadores pecavam pela vontade de fazer logo o gol e deflagrar a festa. E, mais uma vez, contamos com um papelão da arbitragem. Valdivia fez excelente passe para Alan Kardec dentro da área, ele dividiu com o goleiro e caiu. Na sequência, Wesley também dividiu com Rafael Santos e ficou com a bola dominada, na pequena área, sem goleiro. Seneme marcou pênalti, que não houve. Em seguida, o auxiliar, longe do lance, o chamou para avisar que não houve a falta. Só com muita ingenuidade alguém pode achar que o bandeira deu a opinião dele. Fica claro que o penal foi anulado por interferências externas, depois do replay na tv. Só contra o Palmeiras essas coisas acontecem. No fim, fomos prejudicados, pois Wesley tinha todas as condições de fazer o gol e a jogada foi paralisada indevidamente. 

Durante todo o primeiro tempo, o São Caetano ainda conseguiu assustar em vários contra-ataques, que paravam na cobertura bem feita (pasmem) de Márcio Araújo ou em boas defesas de Fernando Prass, inclusive uma dessas defesas, em chute de dentro da área, forte e alto, foi monstruosa.  E a melhor chance da primeira etapa ficou nos pés de Henrique, que após confusão na área, dominou uma bola difícil e bateu de esquerda, mas deu azar e ela passou por cima. 

O panorama não se alterou em nada no início do segundo tempo. O jogo era exatamente igual, com o Palmeiras tentando entrar com passes curtos, e o São Caetano ameaçando nos contra-ataques com chutes de fora. Após os 15 minutos, o jogo começou a mudar. Valdivia caiu muito de produção (talvez por cansaço, mas a marcação sobre ele também passou para individual, por parte de Vagner Carioca), e com isso o rendimento do time também caiu. Márcio Araújo não conseguia mais fazer a cobertura. Wesley se soltou mais, deixando a defesa ainda mais exposta. E a entrada de Serginho no lugar de Vinicius aos 21, apesar de não surtir efeito prático, trouxe desespero ao sistema defensivo do São Caetano, que passou a bater muito, com a conivência do sempre péssimo Wilson Luiz Seneme. E, assim como no primeiro tempo, a melhor chance foi com um zagueiro, desta vez André Luiz, que bateu de virada em cima de Rafael Santos.  

Kleina ainda mandou a campo Ronny no lugar de Ananias (entendo eu que deveria ter começado o jogo assim), e no final Felipe Menezes substituiu Luis Felipe. Mas a essa altura, o São Caetano já havia desistido do jogo. Jogava com 9 homens atrás da linha da bola e abdicou de tentar o gol. 

Até que, aos 40, tudo acabou, ainda com a bola rolando. Em Joinville, terminava Joinville 1x0 Paraná, resultado que já nos colocava de volta no nosso lugar, mesmo se perdêssemos o jogo. No fim da partida, Seneme ainda deu quase dois minutos a mais do que havia anunciado, esperando que o Palmeiras conseguisse fazer o gol e a festa para a Globo fosse melhor, o que não aconteceu. 

No fim, podemos dizer que essa não foi a pior partida do Palmeiras no campeonato. Chegamos a apresentar um futebol bem pior, mesmo em jogos que ganhamos. O time tem um padrão tático de bola no chão, aproximação, passes curtos, que é até bonito, mas atrapalhado pelo péssimo posicionamento dos jogadores, por um 4-3-3 que, mais uma vez vamos dizer, NÃO FUNCIONA, e por sustos desnecessários na defesa devido à falta de um volante com maior capacidade de marcação (a despeito das últimas partidas de Araújo, que foram boas). Contra times mais qualificados na série A, esse 4-3-3 não trará resultado algum, tem que ser revisto com urgência. Fica claro também que a qualidade dos treinamentos não está adequada. Só isso explica a bisonha cobrança "ensaiada" de falta no primeiro tempo, em que Juninho simplesmente tocou a bola pra ninguém, com meio time dentro da área. Só isso explica o fato de Henrique, que nunca fez um gol de falta na vida, continuar batendo faltas. Parece que os jogadores fazem o que querem, e não é difícil imaginar que é exatamente por isso que todos eles defendem a permanência de Gilson Kleina para 2014. 

Destaque para a belíssima camisa amarela mas, principalmente, para a maravilhosa camisa de goleiro utilizada por Prass. Pra mim, uma das camisas mais bonitas que o Palmeiras já teve. A torcida também fez a sua parte exemplarmente durante os 90 minutos - não comentaremos mais um episódio desnecessário que ocorreu após o fim da partida. 

Mas enfim, amigos, o gigante está de volta. Não dá pra dizer que o orgulho de vestir essa camisa vai aumentar, porque ele nunca diminuiu. Agora é terminar dignamente o campeonato, buscar o desnecessário título, e planejar o ano do centenário, tema que será abordado diversas vezes aqui até o fim do ano. 

Acabou, Palestrino. Dever cumprido. Palmeiras sempre, acima de tudo. 

Atuações: notas atribuídas hoje por Ariane, Borges, Juliane, Mark e Thiago. Para nós, o melhor foi mais uma vez Fernando Prass. O pior foi Felipe Menezes, que, verdade seja dita, teve apenas 10 minutos em campo. Depois dele, o pior foi Gilson Kleina, a quem agradecemos muito pelo retorno à série A, mas já deu, né?

Fernando Prass 8,8
A 8
B 8
J 9
M 10
T 9

Luis Felipe 4,1
A 5
B 4
J 3
M 2
T 6,5

André Luiz 5,3
A 6,5
B 5
J 3
M 5
T 7

Henrique 6,4
A 5,5
B 5,5
J 5
M 8
T 8

Juninho 3,6
A 4
B 4
J 3
M 2
T 5

Márcio Araújo 6,9
A 6
B 7
J 8
M 7
T 6,5

Wesley 5,2
A 7
B 5
J 4
M 5
T 5

Valdivia 6
A 6,5
B 5,5
J 6
M 5
T 7

Ananias 3,5
A 5
B 4
J 2
M 2
T 4,5

Alan Kardec 4,1
A 5
B 4
J 4
M 5
T 2,5

Vinicius 4
A 4
B 4
J 4
M 6
T 2

Serginho 4,4
A 4
B 4
J 5
M 4
T 5

Ronny 3,6
A 2
B 5
J 2
M 3
T 6

Felipe Menezes 2,5
A 2
B 3
J 1
M 4
T sn

Gilson Kleina 2,7
A 5,5
B 2
J 4
M ZERO
T 2

2 comentários

Dever cumprido com vaias e muros pichados. Cada vez está mais escancarado quem são os culpados pela situação que vivemos. Não são só as diretorias incompetentes.
Parabéns a todo o elenco, comissão técnica e diretoria, a "obrigação" foi cumprida com louvor e seis rodadas de antecedência.
Esperamos a mesma competência para montar um time para série A. Para a B mostraram que estavam com a razão e montaram um time com folga para os objetivos que tinham.

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O mais engraçado é que bastava uma das 29 finalizações ir parar dentro do gol. Seria uma vitória que deixaria os "verdadeiros" sem graça de vaiar. Iriam embora quietos, e não teríamos nenhuma turbulência...

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