12 de junho de 1993 - Dia da paixão palmeirense

Por Marcus Vinicius.

Na noite de segunda (02 de junho), fui até o espaço Itaú de cinema, em São Paulo, para assistir o documentário "12 de junho de 1993 - Dia da paixão palmeirense", escrito e dirigido pelo jornalista e palestrino fanático Mauro Beting e co-dirigido por Jaime Queiroz. O documentário conta toda a trajetória que levou a um dos dias mais épicos da história do Palmeiras e um título que a maioria considera o mais importante de nossa história, sublimando até mesmo a conquista da Libertadores de 1999.

A produção começa ainda na época da academia, na época de craques como Luis Pereira, Dudu, Leivinha, Ademir da Guia e Cesar Maluco, o desmanche da academia e os primeiros anos sem título, passa pelos terríveis anos de fila e termina com a entrada da era Parmalat e a montagem de um novo esquadrão.

Para quem é mais novo e não vivenciou os anos 80, o documentário consegue passar toda a angústia de quem esteve presente nas arquibancadas do Palestra nessa época e viu times que se não eram terríveis tecnicamente, padeciam com a falta de um espírito vitorioso, vendo elencos com nomes mais fortes baterem na trave constantemente e perdendo para times de menor expressão por muitas vezes. Para mim, a semelhança com o período de 2000 para hoje (com exceções pontuais em 2008 e 2012) não é mera coincidência, mas é uma passagem necessária para entendermos como realmente foi viver essa época. Quando os palestrinos mais antigos dizem que os anos 80 foram para os fortes, eles não estão brincando.

Particularmente, os trechos que mais doeram na alma de assistir foram a eliminação para o XV de Jaú em 1985 e a derrota para a Inter de Limeira em 1986. Senti a dor de quem viveu essa época e me imaginei sentado na arquibancada em estado letárgico, olhando para o nada, tentando entender o que acontecia e se veríamos a luz do sol novamente no horizonte. O depoimento de Denys, assumidamente palmeirense, sobre a fatídica final de 86, foi de partir o coração. O destaque para manchetes que diziam "década maldita" ou "geração perdida" também me soaram muito familiares.

Por outro lado, deu para perceber que nessa época a torcida não parava de crescer. A produção mostrou por diversas vezes as arquibancadas lotadas de palestrinos com bandeiras (quando essas ainda eram permitidas) e pessoas vibrando como se não houvesse amanhã. 

Os depoimentos também foram cheios de alma. Jornalistas palmeirenses (Roberto Avallone, PVC e claro, Mauro Beting), ex-jogadores e outros palestrinos enriqueceram o documentário com seus detalhes e suas visões sobre cada período vivido. Em alguns casos era possível perceber a emoção de cada um e muitos não contiveram as lágrimas ao contar sobre períodos que tiveram uma carga emocional muito forte. Meu destaque fica para o Edmundo, nosso ídolo eterno, que ao contar as origens do apelido "animal", dado pelo radialista Osmar Santos, e como a torcida abraçou o apelido ao cantar "au au au, Edmundo é animal", se emocionou.

Por fim, chegamos a campanha que transformou jogadores vitoriosos em heróis eternos. Percebi uma divisão de opiniões sobre a troca de técnico no meio do campeonato, uns diziam que venceriam mesmo com Otacílio Gonçalves, mas outros disseram que o Vanderlei Luxemburgo fez toda a diferença. No fim, foram unânimes ao dizerem que a preleção do "pofexô" foi uma mola propulsora no dia derradeiro. 

Ainda sobre o time de 1993, a produção mostrou como o time crescia a cada partida, mesmo com as brigas internas, a ascensão de jogadores como Edmundo e a ressurreição de Evair, injustamente afastado pelo péssimo Nelsinho Baptista. Fizeram muito bem em transpor a aura vencedora dessa equipe. 

No primeiro jogo da final, abordaram o nervosismo do time e a provocação de Viola. Mas no segundo jogo, mostraram a emoção de cada momento chave da partida derradeira do dia 12/06/1993. No momento que o terceiro gol foi mostrado não contive minhas lágrimas, afinal, são as minhas primeiras lembranças no futebol e elas não poderiam ser mais doces. O gol de Evair que consolidou de vez o título e o reencontro dos atletas para relembrar esse dia também me deixaram com um nó na garganta muito forte e deu para perceber o mesmo em muitos que ali estiveram na sala de cinema.

Com carga emocional forte, passagens detalhadas sobre cada período e com uma qualidade visual incrível - aplausos para quem realizou a restauração das imagens - o documentário "12 de junho de 1993 - Dia da paixão palmeirense" é obrigatório para todos os palestrinos, mostra uma academia de futebol que fazia inveja para qualquer time, um período muito difícil e o nosso renascimento como uma fênix, de como recomeçamos uma era vitoriosa que nos consolidou como o campeão do século XX. Assim que sair em DVD, faço questão de comprar e prestigiar essa produção maravilhosa.

Os heróis!
Foto: Divulgação (retirada do site FoxSports).

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