“Viagra do Verdão, comeu, ficou taradão!”
A frase que compõe a introdução deste texto funcionava como um slogan para muitos vendedores de amendoim na arquibancada do Palestra Itália. Reza a lenda popular de que o amendoim tem “poderes afrodisíacos”, então, nossos célebres vendedores ambulantes se aproveitavam desta curiosa trívia “científica” para arrebatar a clientela de um jeito bem pitoresco.
A verdade é que o amendoim faz parte da cultura palmeirense de diversas maneiras. Os vendedores de amendoim eram figuras carimbadas do antigo Palestra e por mais que eu dificilmente comprasse algo deles, eles sempre me faziam abrir um sorriso quando passavam por lá utilizando essas “técnicas de venda” e até distribuindo uns amendoins esporadicamente. Nas numeradas, essa semente também fez história com a “turma do amendoim” (nome cunhado por Felipão), que ficou eternizada por ser a ala corneta do estádio, daqueles que não aliviavam nas críticas nem mesmo nos tempos áureos. Até os dias atuais alguns chamam a numerada de "turma do amendoim".
Para mim, o episódio mais marcante no que tange essas figuras interessantes aconteceu no sábado do dia 08/05/2004, 5ª rodada do Brasileiro daquela temporada.
Era uma tarde normal, com um sol bonito e estávamos bem contentes com os resultados que antecederam aquele sábado – classificação para as quartas de finais da Copa do Brasil depois de bater o Goiás nos pênaltis no Palestra e uma goleada acachapante (4 x 0) no dérbi da rodada anterior do Brasileiro. Um dos destaques dessas partidas tinha se machucado novamente - estamos falando de Pedrinho, claro -, mas o adversário da tarde, apesar da boa campanha, não assustava.
O jogo da tarde era contra a Ponte Preta de Estevam Soares, técnico que teríamos que aturar a partir das rodadas seguintes, e André Cunha, lateral que também desembarcou no Palmeiras no início de 2005 e que não deixou nenhuma saudade. A bola rolou às 18h e como sempre, eu e meu pai chegamos com antecedência e rapidamente nos alocamos na arquibancada, em um local que depois se transformou no Setor Visa.
Já naquela expectativa pré-jogo, algo de anormal acontecia na arquibancada. Era uma discussão veemente, mas não era entre torcedores com ânimos exaltados - algo chato, mas que as vezes acontece. Eram vendedores de amendoim que vociferavam ofensas um para o outro até finalmente chegarem às vias de fato. A porrada entre eles comeu solta e os sacos de amendoins de ambos caíram no mesmo instante, espalhando cascas por toda arquibancada.
Ninguém ali soube como reagir direito sobre o que estava acontecendo, uma briga entre os vendedores era algo inédito. Uns assistiam aquilo e riam – incluindo eu, que achei o episódio particularmente hilário – e outros aproveitaram a queda de uma boa quantidade de amendoim pela arquibancada para encher a mão, alguns até usaram a camisa para pegar uma determinada quantidade. Quando os brigões se deram conta de que além da forte probabilidade de serem removidos do estádio pela briga, poderiam também desperdiçar seus produtos, trataram de recolher os amendoins com rapidez e saíram dali rapidamente. Um episódio bem bizarro.
Em campo o time conseguiu fechar a semana com chave de ouro e galgou um belo 3 x 0 no time campineiro. Destaque para o zagueiro Nen, que marcou 2 gols. Muñoz, o burrito, fez o outro gol da partida. Nesse dia também tivemos mais uma reestreia de Claudecir, eterna promessa de volante que nunca saiu do papel.
Saímos do Palestra satisfeitos com o que foi apresentado naquela tarde. Apesar de todos os pesares extra-campo, dentro das quatro linhas, o time estava rendendo e ainda aparentava força para brigar pelas competições – apesar do vexame de sermos eliminados pelo Paulista de Jundiaí no paulistão. Ao final desse jogo em si, eu estava bem confiante para a sequência da temporada, tanto pela fraqueza dos oponentes na Copa do Brasil quanto no Brasileirão.
Mas mesmo com um resultado tão acachapante, o destaque desse dia para mim sempre será a treta entre os vendedores de amendoins, que proporcionaram boas risadas no pré-jogo e acrescentaram mais uma lembrança a respeito de amendoins.
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