Mais uma vitória, mas que jogo feio!

Com a defesa reserva (exceção ao Prass), ataque reserva do reserva e meio-campo inédito, o Palmeiras jogou muito mal, mas bateu o rebaixado Paulista de Jundiaí, nesta noite de domingo em São José do Rio Preto, pelo placar de 3x1, e segue na cola do Santinhos em busca do primeiro lugar na classificação geral da primeira fase do Paulistão/14. O time entrou em campo esperando um jogo-treino, sem vibração, desatento, displicente e desinteressado. Um empate, que não esteve longe de ser o resultado final, seria um merecido castigo. Não pelo que os dois times fizeram em campo, mas sim pela postura do Palmeiras. 

(Foto: Celio Messias / Ag. Estado - Globoesporte.com)


A zaga foi formada pelos únicos jogadores disponíveis para jogar ali, Tiago Alves e o volante Marcelo Oliveira. Nas laterais, William Matheus ganhou nova chance - muito bem aproveitada - e Bruno Oliveira teve sua primeira oportunidade. No ataque, entramos sem um centroavante fixo. Vinicius pela esquerda, Patrick Vieira pela direita, e Bruno César tentava aparecer de vez em quando como centroavante. E no meio, algo que passou muito longe de dar certo: França e Eguren juntos, Mendieta na armação e Bruno César às vezes saindo da área para tentar auxiliar o paraguaio. 

Com a formação acima, o que se viu no primeiro tempo foi uma completa bagunça. Sem Wesley, Eguren tentou fazer a saída de bola, com um aproveitamento ridículo nos passes. Errou quase todos. Mendieta não voltava para buscar jogo, Vinicius idem. Patrick Vieira às vezes buscava a bola no campo de defesa. Mendieta esperava a bola na intermediária ofensiva e Bruno César não sabia se ficava enfiado como centroavante ou voltava para armar. Quando o Paulista recuperava a bola, era visível o buraco no meio, o Palmeiras era dividido em dois blocos de jogadores, seis na defesa e quatro no ataque. E assim, contra um adversário cheio de juniores, o Palmeiras fez um primeiro tempo medonho. Provavelmente alguns jogadores não fizeram o que foi treinado, porque não é possível que um técnico profissional tenha armado um time dessa forma. 

A primeira jogada de ataque construída foi apenas aos 20 minutos, e resultou em gol: Bruno Oliveira e Patrick Vieira tentaram evoluir pela direita. Com os espaços fechados, o time foi rodando a bola até que ela chegasse a Mendieta na meia-esquerda. Ele fez o giro e deu um belo passe para William Matheus que entrava em velocidade pela esquerda. O lateral bateu de primeira, firme, cruzado, fazendo 1-0. 

Mas cinco minutos depois, Eguren errou seu 57º passe no jogo. No contra-ataque, a bola foi lançada em diagonal da esquerda para o meio. Provavelmente o lance nem levaria tanto perigo, mas Marcelo Oliveira não teve paciência e atropelou o adversário. Pênalti que David Batista bateu forte, no meio do gol, para empatar a partida. No restante do primeiro tempo, apenas tentativas inócuas e sem inspiração alguma. O único lance digno de nota foi um possível pênalti em Vinicius, mesmo assim há dúvidas. Vinicius, aliás, era o único que tentava algo diferente na frente. Esbarrava em sua própria limitação, mas não se escondeu e nem foi displicente. Além dele, só merecem algum destaque no primeiro tempo Mendieta - pela qualidade, não pela (falta de) atitude - e William Matheus, que parecia estar disposto a apagar a péssima imagem deixada na partida de Ribeirão Preto, há duas semanas. 

Para o segundo tempo, Kleina tirou Eguren, que parecia um juvenil tremendo ao jogar entre os profissionais, e colocou Miguel, com a aparente intenção de forçar mais no jogo aéreo, para minimizar a dificuldade causada pelo péssimo gramado do Teixeirão. Nem deu muito tempo de saber se a alteração surtiu o efeito desejado. Aos 8, o lateral-esquerdo do Galo, Victor Hugo, puxou Patrick Vieira sem bola, tomou o segundo amarelo e deixou seu time com um a menos. O Palmeiras não pôde aproveitar a vantagem, pois logo em seguida Marcelo Oliveira fez falta para amarelo. Como já tinha um, no lance do pênalti, também foi expulso. 

No momento do 10 contra 10, a tv mostrou Gilson Kleina conversando com o auxiliar Jair Leite, e notava-se claramente que ele não sabia o que fazer. Completamente perdido. Em campo, os jogadores se ajeitaram: França foi para a zaga e ficamos sem volante, Mendieta tentava ocupar os espaços à frente da zaga, mas claramente não é a dele. E ficamos sete longos minutos sem volante, enquanto Kleina tentava decidir qual atitude tomar. Sorte que o adversário não tinha a menor qualificação, caso contrário poderia aproveitar a falta de comando. Quando Gilson Kleina finalmente tentou decidir o que fazer, decidiu errado: segundo relato do repórter do Sportv, o técnico decidiu tirar o único jogador que levava algum perigo ao adversário, Vinicius, mas foi impedido por Jair Leite. Acabou tirando o inoperante Bruno César, cuja única contribuição foi uma falta que beliscou o travessão. Em seu lugar, entrou Victor Luis, com William Matheus sendo deslocado para a zaga e França voltando ao meio-campo. 

Logo em seguida, a prova de que quem estava certo era o auxiliar: Vinicius recebeu a bola pela esquerda, ainda no campo de defesa. Com muita força e velocidade, encarou toda a defesa do Paulista até invadir a área, e ainda foi consciente ao dar um totó por cima do goleiro, encontrando Miguel na linha da pequena área, para apenas empurrar para o gol. Jogada que premiou um jogador que, por mais que seja fraco tecnicamente, não se esconde do jogo, e erra até acertar. Vinicius não tem condições de ser titular do Palmeiras, mas tem seus méritos. 

O segundo gol tranquilizou o Palmeiras, que não foi mais ameaçado. Ainda tivemos um pênalti, este claríssimo, cometido pelo goleiro Ian em cima de Vinicius, não marcado pelo péssimo árbitro. A partir da saída de Vinicius para a entrada de Mazinho, aos 30, os dois times passaram a apenas esperar o apito final. Mas aos 42, Mazinho viu a oportunidade ao receber uma cobrança de lateral de Victor Luis, fez o giro, chegou à linha de fundo e tocou para Patrick Vieira, que finalizou duas vezes e acabou fazendo um gol muito parecido com o que ele mesmo fez contra o Libertad, na Libertadores do ano passado, no Pacaembu. Na comemoração, saiu dizendo à torcida "meu lugar é aqui". Com 3-1 no placar, as atenções já se voltaram para a partida de quarta-feira, contra o Vilhena, em Rondônia. 

Estamos fazendo nossa parte no Paulistão. São dez vitórias em 13 jogos. O time de hoje decepcionou, e muito, mas o importante realmente eram os três pontos. Bruno César ainda não justificou nem 20% da expectativa. Bruno Oliveira não mostrou atitude nem futebol suficientes para tirar a vaga de Wendel. Eguren foi medonho, França esteve bem abaixo do que já jogou em ocasiões anteriores. Marcelo Oliveira só não será criticado porque tem muito crédito pelas excelentes atuações até aqui. Mendieta merece menção honrosa por ser o único a mostrar lucidez no meio-campo. Vinicius e Patrick Vieira continuam sendo apenas opções para tapar buracos. E Gilson Kleina mostrou que sabe o que faz com aquele time titular. Sempre que precisa trocar mais do que três ou quatro, tem enorme dificuldade. 

Mas seguimos, fortes e vivos, ainda acreditando muito na conquista do título paulista. Avanti!!!

Atuações: notas de hoje por Ariane, Juliane, Marcus, Renato, Thiago e com a colaboração do amigo Evandro Don (Twitter @DON_SEP), a quem agradecemos imensamente a participação. Para nós, o melhor em campo foi Mendieta, e o pior foi Marcelo Oliveira, com uma mínima diferença para Eguren. 


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