Uma carta para quatro sonhadores

Olá, Luigi Cervo, Luigi Marzo, Vincenzo Ragognetti e Ezequiel Simone. Vocês não me conhecem pessoalmente e nem poderiam, afinal, estou escrevendo essa carta em 2014, com um século de distância entre os universos que vivemos. Entretanto, nessa carta, gostaria de ultrapassar a barreira do tempo e espaço para agradecê-los, onde quer que vocês estejam, por terem um sonho e por terem colocado ele em prática. Saibam que, cem anos depois, a Societá Esportiva Palestra Itália foi além do que seus sonhos poderiam imaginar e hoje mora no coração de milhões de pessoas com o nome Sociedade Esportiva Palmeiras

Eu sei que, seja lá onde estiverem, vocês sabem da magnitude do Palmeiras, mas nunca é demais relembrar. Mais do que um clube com raízes italianas que reside na Rua Turiassu, hoje, o Palmeiras é parte pertencente da cultura Brasileira, é altamente temido no continente sul-americano e possui um alcance mundial de muito respeito. Hoje é possível encontrar uma pessoa com alma palestrina em qualquer lugar do mundo. E saibam que o sonho inicial de vocês foi além, porque ser palmeirense é muito mais do que torcer para um time de futebol: é um estado de espírito indelével que vai muito além da imaginação e que hoje toca a alma e o coração de mais de 15 milhões de pessoas. 

Desde o início, ainda com vocês, tudo foi construído com sangue, suor, lágrimas e muita luta. Muitos dos nossos prosseguiram com o sonho inicial que vocês tiveram e não deixaram ele morrer quando sofremos a perseguição por ter o nome "Palestra Itália" durante a segunda guerra mundial. Resistimos bravamente, mudamos nossa nomenclatura, morremos líderes e renascemos campeões, mais fortes do que nunca. Fortes para colocar o mundo ao nossos pés em 1951, com a conquista da Copa Rio. Imponentes suficientes para termos a eterna alcunha de academia de futebol, estilo que nos colocou na vanguarda do futebol mundial.

Onde quer que vocês estejam, creio que devam ter percebido que devido ao dinamismo do mundo, muitas mudanças aconteceram nesse século de vida que possuímos. Nações cresceram e presenciaram momentos históricos, a tecnologia evoluiu de modo assustador, a velocidade da informação se tornou cada dia mais rápida e, paralelamente à tudo isso, a nação alviverde, a pátria amada Palmeiras, foi conquistando glórias e mais glórias, a ponto de ganharmos a alcunha de "Campeão do Século XX". Muitas gerações de seres humanos nasceram e morreram nesses cem anos, mas isso não nos impediu de crescer, pelo contrário, a palestrinidade iniciada por vocês foi passada por gerações, de pai para filhos, de amigos, de simplesmente sentir o amor no coração sem nenhuma explicação lógica, comparável as grandes histórias que impactaram a humanidade e que continua até os dias atuais. 

Cada sorriso de alegria de cada um de nós palmeirenses com um gol do Palmeiras, uma lágrima de felicidade (ou mesmo de tristeza) e o momento de êxtase por um título, são um testamento para tudo o que vocês construíram. Somos cada passo nas arquibancadas empurrando o Palmeiras, cada energia positiva passada de todos os lugares do mundo, somos um pedaço do concreto do Palestra Itália, nossa casa, o Jardim Suspenso que viu diversos títulos e diversos craques desfilarem talento. 

Caros Luigi Cervo, Luigi Marzo, Vincenzo Ragognetti e Ezequiel Simone, saibam que somos eternamente agradecidos pelo dia 26 de agosto de 1914 e saibam que o sonho de vocês, que completa cem anos neste mês, apenas continua crescendo. Nunca pararemos de lutar e manteremos sempre vivo aquilo que vocês construíram nesse dia glorioso.

Obrigado por tudo, o tempo e espaço não são o suficiente para me impedir de agradecê-los. Sem o Palestra Itália e, posteriormente, o Palmeiras, o mundo seria um lugar bem cinza e bem sem graça.

Assinado, um palmeirense. 

Gigantes desde o princípio.

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