Viradas (in)esquecíveis III – Palmeiras 3 x 2 Vasco (Brasileiro de 2007).

O ano de 2007 foi de mudanças no Palmeiras. O elenco envelhecido das temporadas anteriores (mais os remanescentes da série B de 2003) foi dissipado. Diversos novos nomes despontaram na virada do ano, mas fracassamos de maneira retumbante nos torneios disputados no primeiro semestre – apesar de algumas exibições memoráveis, como os 3 x 0 em cima dos gambás no Paulista. 

Após a eliminação no Paulista e Copa do Brasil, ficamos mais de um mês sem ver o Palmeiras em campo. E mesmo apesar das duas vitórias iniciais que pareciam promissoras, o Verdão passou por um período terrível onde perdemos diversos pontos em casa (derrotas para Cruzeiro, CAP e empate contra o Botafogo) e só reagimos a partir da vitória contra os gambás na oitava rodada. Depois vencemos contra América-RN no Palestra e Náutico nos Aflitos (gol no fim de Luiz Henrique). Voltamos ao G4 e já estávamos a 4 pontos do líder – apesar do nosso time não inspirar confiança alguma, era o retrato do técnico Caio Júnior.

E nos perdemos novamente nas 3 rodadas seguintes: empate com Grêmio fora, empate contra Santos em casa (embora não fossem resultados desastrosos, incomodou) e derrota roubada contra o Paraná – essa sim doeu. De quarto, caímos para décimo.

O adversário da rodada seguinte era o Vasco no Palestra Itália. Eles faziam uma campanha razoável e tinham o Conca em boa fase, mas o técnico deles era o Celso Roth, logo, era fácil conjecturar que eles não iriam longe dentro do certame. Era jogo para o Palmeiras retomar a rota e voltar para o bolo de cima, sem deixar os oponentes desgarrarem.

Esse foi um dos poucos jogos no Palestra que fiquei de fora no ano de 2007 – estava de férias da faculdade e viajei para Goiás, perdendo o jogo contra o Santos e esse – e fiquei aflito vendo o jogo pela TV de onde estava. 

Se reclamávamos da falta de atitude e do espírito fraco daquele time, na noite de 25/07/07 fizeram diferente e reagiram de um jeito que deixaria Felipão orgulhoso. Os minutos iniciais foram todos do time da colina. Diego Cavallieri já tinha feito umas 3 boas defesas quando o tal Wagner Diniz costurou toda nossa defesa, chutou e no rebote da defesa de Diego sobrou para o refugo Rubens Junior (reserva no título da Libertadores de 99). 1 x 0. 

E só dava Vasco. Mesmo jogando em casa, o Palmeiras parecia morto em campo e deixou todo mundo pensando coisas como “quando venceremos no Palestra de novo?”. Sério, o time do Caio Júnior era um dos que mais nos envergonhavam em nossos domínios e mesmo os melhores do time estavam em noite apagada – Valdívia (então focado e em forma) estava marcado, Edmundo errava demais e o resto, bem, estavam sendo eles mesmos. E não demorou muito tempo para que Leandro Amaral (outro que por aqui foi um nada) marcar o segundo gol do Vasco. Tudo isso antes dos 25 do primeiro tempo.

Com dois gols de prejuízo, a lampadinha piscou na cabeça do astuto estagiário: tirou David Brás e colocou Makelele. E deu certo. Saímos do esquema tático furado do 3-5-2 e o time ganhou um “elemento surpresa”. Foi a melhor partida que me lembro do Makelele – ser que eu costumava chamar de tartaruga ninja. 

Mexida a configuração do time, o Palmeiras partiu para cima dos vascaínos e começou um bombardeio ainda no primeiro tempo. Aos 35 minutos do primeiro tempo, Edmundo fazia uma partida ruim, mas achou um passe primoroso para Max, que ficou na cara do gol e deu um toque de lado para Valdívia, livre para estufar as redes e nos dar um novo sopro de esperança. 2 x 1. Estávamos vivos. No fim do primeiro tempo, Nen ainda quase conseguiu empatar a partida, o que nos daria uma tranquilidade maior para o segundo tempo, mas a moral era outra.

No intervalo, o estagiário tirou Martinez, um peso morto em campo, para a entrada de Luiz Henrique. Luiz Henrique foi um dos atacantes mais inexpressivos e sem vibração que já passaram pelo Palmeiras. Não acertava nada, não demonstrava nenhum tipo de emoção quando errava as (muitas) jogadas e mais atrapalhou do que ajudou. Ainda sobreviveu ao facão do final da temporada, mas foi mandado embora em definitivo após péssimas partidas com o Madureira no comando. Mas nesse dia em especial ele estava com sorte.

O Vasco recuou e tentou manter a superioridade no Placar. Mas um time que tinha Julio Santos e Perdigão não poderia resistir por muito tempo. Com o time postado na defesa, o jogo ficou truncado e logo tivemos uma baixa: Makelele expulso. 

Com um a menos, o estagiário fez sua substituição final: saiu Edmundo e entrou Valmir. Edmundo não estava bem, mas Valmir era brincadeira de péssimo gosto. O time ficou completamente desordenado e ainda deixou a bucha para Cavallieri, que fez outras boas defesas. 

Quando não esperávamos mais nada, Wendel (sim) fez uma boa jogada pela direita e cruzou na medida para Nen empatar o jogo. 2 x 2 aos 36 minutos do segundo tempo, dava para ganhar.

Nen, um dos heróis da noite.
Foto: Reprodução/Futpédia.

Ainda tomamos mais sufoco após o empate e novamente Cavallieri nos salvou, mas aos 41, Luiz Henrique recebeu um passe de Leandro Buxexa na entrada da área e chutou no canto, sem qualquer possibilidade de defesa do goleiro Silvio Luís. Viramos a partida que julgávamos perdida.

Mesmo com o time todo torto, irritante e com substituições que ninguém entendeu nada, o Palmeiras virou a partida e voltou para o bolo dos postulantes ao título do Brasileiro de 2007. Uma pena que esse jogo não tenha dado moral suficiente para o time, que empatou com o Juventude (rebaixado) fora e perdeu contra o Sport que tinha dois a menos no Palestra (o jogo da “volta de viagem” foi frustrante demais). E assim foi o Brasileiro de 2007 para o Palmeiras: alternava belas partidas com exibições de envergonhar até a última geração de palestrinos.

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