Novo começo

Desembarcar no metrô Palmeiras-Barra Funda era o início de tudo. A caminhada até a Turiassu não era muito longa, mas a ansiedade para estar lá aumentava a cada passo dado, seja lá qual fosse o prélio disputado.

O entorno do Palestra já era o suficiente para que eu me sentisse em casa. Ia para os bares e encontrava conhecidos, tão ansiosos quanto eu para a partida. Dependendo do dia e da importância da partida, a rua estava tomada de verde, em outros dias, estava calmo a ponto de sentar em uma mesa de bar tranquilamente e esperar os 40 minutos que antecedem a partida para entrar no Palestra.

Passava pela grade que delimitava a fila de entrada na Turiassu, já separava o ingresso e a carteirinha de estudante e passava pela revista, faltando apenas passar o ingresso na entrada. A excitação de rodar a catraca no Palestra era diferente, me fazia ter a certeza plena que estava em casa, especialmente porque nos obrigava a caminhar pelo fosso, observando tudo o que constituía o nosso redor. A caminhada pelo fosso também era única. Muitas vezes virava para o lado e observava a movimentação nas numeradas, conjecturando se iria lotar ou não aqueles setores. 

Mas a melhor parte era quando finalmente subíamos para a arquibancada. Observávamos o campo suspenso, o panorama da cidade ao redor, víamos a torcida ocupando os lugares e as músicas se faziam presentes. 

Não existe nenhuma outra torcida que possui uma sinergia tão grande que a nossa torcida do Palmeiras tem com o Palestra Itália. Era uma conexão mágica, inexplicável, podíamos não ter o maior estádio, mas tínhamos o maior coração e alma de todos.

Um dos registros mais bonitos que fiz do velho Palestra Itália, no jogo contra o Sport (1 x 1) pela Libertadores de 2009.

Como será em 2014? Realmente não sei. Por enquanto vamos com o estádio municipal, que finalmente se estabeleceu como casa provisória em 2013, após quase três anos vagando como nômades sem explicação nenhuma. Apesar do municipal ser o melhor estádio na ausência do Palestra, com fácil acesso e com bons bares ao redor, a sensação que tenho é que nos dividimos um pouco durante esse período, muito por causa da fase tenebrosa que passamos nas últimas temporadas. No Palestra, eramos uma unidade até nos piores momentos - exceto pelo maldito Setor Visa, que era um setor sem vida e que tolheu nosso espaço. 

Espero do fundo do coração que o Palestra Itália volte nesse ano que entra - apesar do ritmo vergonhosamente lento das obras. A volta para o Palestra simboliza esse novo começo, voltaremos a nos sentir em casa, com os bares da região tomados de verde, com as pessoas cantando sem parar na esquina da Caraíbas com a Turiassu e passando por todo aqueles rituais pré e pós jogos que tanto nos acostumamos. Os adversários se sentirão intimidados e voltaremos a ser temidos como sempre devemos ser.

Sabemos que mesmo quando o Palestra voltar, as coisas nunca mais serão como eram antes, mas a nossa alma permanece intacta. Não tem elitismo que seja capaz de remover nossa alma, não nos dobraremos aos caprichos de quem prega "modernidade" e seremos tudo o que fomos anteriormente, talvez até em maior escala. Faremos do novo Palestra Itália um inferno para os oponentes.

Que em 2014 tenhamos esse novo começo, com a volta para nossa casa, com um time que represente bem o que seja Palmeiras e que nos orgulhe. Mais do que ser nossa esperança, essa é a nossa torcida, muitas vezes de maneira irracional, mas guiada sempre pelo coração.

Feliz 2014 para todos os palmeirenses e obrigado à todos pela audiência em nosso primeiro ano de blog. 

Nos vemos nas arquibancadas para ver o Palestra em campo em nosso centenário!


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