Tributo a Junior Baiano

Qual seria a sua reação se o Palmeiras contratasse um jogador altamente execrado pela mídia tradicional após a disputa de uma Copa do Mundo na qual se faria conspirações estúpidas mesmo após 15 anos? Pois em 1998 o Palmeiras contratou o zagueiro Júnior Baiano, que no mundial da França formou a dupla de zaga com o veterano zagueiro Aldair e foi extremamente criticado pela imprensa chapa-branca, especialmente após a derrota para a Noruega – onde ele teve uma noite de Jeci, inclusive tomando um corte degradante do norueguês Flo.

Simultaneamente, o Palmeiras vinha embalado com a conquista da Copa do Brasil do ano de 1998. A base da defesa era formada pelo mitológico Clebão e pelo ascendente e seguro Roque Júnior, que também fazia a posição de volante quando necessário – bem como o Henrique fez em parte da temporada de 2012. Ainda tínhamos o Agnaldo Liz, zagueiro quedava a certeza de que teríamos fortes emoções durante o prélio, e Galeano, que em momentos de desespero era improvisado na defesa.

Confesso, devido ao desempenho de Junior Baiano durante a Copa de 98, torci o nariz com a chegada dele, mas isso mudou em pouquíssimo tempo.

Rapidamente, Junior Baiano se encaixou no time titular ao lado de Clebão e Felipão subiu Roque Júnior para a cabeça de área para jogar ao lado de Rogério Traíra. A configuração funcionou e o Palmeiras passeou na fase inicial da Mercosul e se manteve entre os líderes na primeira fase do Campeonato Brasileiro. Um momento que não esqueço foi na metade do Brasileiro, no jogo contra a Portuguesa – jogo da minha era pré-arquibancada, ouvi pelo rádio e vi o compacto na TV -, onde a torcida (risos) da Portuguesa começou a entoar um “não é mole não, Junior Baiano afundou a seleção” e o mesmo fez o gol da vitória do Palmeiras, mandando os torcedores (novos risos) do Canindé calarem a boca e de quebra colocou o Palmeiras na liderança provisória do campeonato. Naquele momento tive a certeza que ele era um cara que veio para vencer.

No Brasileiro, o Palmeiras sucumbiu diante do Cruzeiro (porém, prestem atenção no golaço de falta que Junior Baiano fez no segundo jogo dos playoffs) após o frustrante gol de Fabio Júnior, mas no reencontro da final da Mercosul  levamos a melhor.  Junior Baiano foi determinante para o título, afinal, foi ele que disparou o petardo que Dida rebateu para Arce marcar o gol derradeiro. 

Sem mais desconfianças, Junior Baiano ainda foi o artilheiro do Palmeiras na Libertadores de 99, título que dispensa maiores comentários e que me faz perdoar até mesmo o fato dele e do Oseas ficarem promovendo o Chiclete com Banana a cada gol que eles faziam. Mas eles podiam. O único momento realmente negativo dele foi na final, quando deu um carrinho desnecessário dentro da área quando vencíamos o jogo. Tomamos o empate do Deportivo Cali, mas Oseas fez o segundo e o resto da história todos conhecemos. 

Já consagrado, Junior Baiano passou o segundo semestre inteiro machucado, mas voltou a tempo de disputar o Mundial em Tóquio. Alguns o culpam por não cortar o Giggs naquele cruzamento, mas eu prefiro descontar toda minha mágoa na arbitragem, que anulou um gol legal do Alex. Após o Mundial, ainda jogou as finais da Mercosul de 99 (onde perdemos) e na sequência ele partiu para o Vasco.

Foram 72 jogos e 16 gols pelo Palmeiras e dois títulos de quilate (Mercosul-98 e Libertadores-99). Teve uma média de gols alta e marcou gols decisivos, sobretudo na primeira fase da Libertadores de 99. Isso sem contar as outras boas campanhas que podem não ter resultado em título, mas mostrava um Palmeiras que brigava por tudo o que disputava. Um período dourado em nossa história.

Junior Baiano tinha defeitos, mas tinha também o DNA da vitória. Podia ser estabanado (como no pênalti maluco que ele fez na final da Libertadores), mas entrava nos jogos para vencer e isso fazia toda a diferença do mundo. 

Incomoda-me um pouco o fato de que ele não seja muito lembrado pela torcida. Não chego a coloca-lo no patamar de ídolo, mas não há dúvidas de que ele honrou a camisa alviverde nas 72 partidas que disputou. 

Então, aqui fica meu registro: obrigado Júnior Baiano, mais um gigante entre os titãs alviverdes. Zagueiros como você fazem muita falta no futebol atual. 

Ps: Faria uma dupla e tanto com Lúcio. 

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