Um golpe duro na alma

Foto: Marcos Ribolli/globoesporte.com

Estamos na segunda-feira mais dolorosa desde novembro de 2012, com um tempo nublado e fechado, combinando perfeitamente com o nosso estado de espírito palestrino. Mais uma vez fomos eliminados por um time inexpressivo, sem torcida e sem tradição alguma - inclusive, foi o mesmo time que o Palmeiras salvou do rebaixamento no campeonato anterior ao tirar o pé do acelerador na última rodada.  Novamente quando achávamos que o período de trevas no Palestra (dentro de campo) tinha se dissipado de vez e quando éramos francos favoritos para levar o título, o primeiro do centenário, mas nos tiraram esse sonho.

A chuva forte que caiu na tarde de domingo não espantou a torcida, pelo contrário, parecia um ingrediente a mais para a batalha. Logo de cara ficou claro que iriamos fazer ainda mais barulho e pressão do que fizemos na última quinta-feira, contra o Bragantino. Dependendo da torcida, as coisas seguiriam conforme o script. Assim que a bola rolou, foi possível perceber um time intranquilo e sem saber como perfurar a retranca do time pequeno, não houve aquela centelha de blitz intrínseca aos grandes times e logo a confiança deu lugar a uma enorme aura tensa, sobretudo quando perdemos dois esteios técnicos do time por contusão e que deram lugar a dois jogadores que tem a marca da derrota estampada na testa, dois rebaixados e que não poderiam estar nesse elenco em hipótese alguma.

Já no intervalo, senti aquele deja-vu maldito que tinha sentido no fatídico jogo contra o Goiás, na Sul-Americana de 2010: o time dependia de um gol, estava desordenado, sem saber como reverter a situação e qualquer passo em falso poderia resultar em tragédia. E pelo que observei dos companheiros de arquibancada que estavam ao meu redor, a tensão era generalizada e estava estampada na feição dos palestrinos. Continuamos cantando e incentivando, mas estava bem claro que as coisas estavam erradas.

O segundo tempo passou e o time demonstrava uma insegurança ainda maior do que na etapa inicial. O Palmeiras não soube lidar com a pressão de estar empatando com um time extremamente retrancado, catimbeiro e levando a decisão para os pênaltis. No único ataque do time do interior sofremos o gol, já quando aproximávamos dos 40 minutos da etapa derradeira e quando os pênaltis já eram uma dura realidade. Igual à tragédia de 2010, no mesmo cenário e com os mesmos requintes de crueldade.

A torcida do Palmeiras não merecia isso de forma alguma, ainda mais depois de tudo o que passamos nos últimos anos, especialmente na maldita temporada passada, quando atravessamos o inferno da segunda divisão e ainda tivemos forças para continuarmos firmes e apoiando. O restante do jogo passou e podiam estar jogando até agora que o time não faria nenhum gol.

Ao final do jogo, apenas tristeza. O caminho de volta foi tortuoso, com todos os palestrinos cabisbaixos em ruas úmidas de São Paulo, cada passo doía como se estivesse caminhando em uma trilha de espinhos. No metrô de volta para a casa, o semblante de desolação de cada palmeirense que voltava para seu devido lar me entristecia ainda mais e lembrava da fraqueza de espírito que o time demonstrou em campo contra um adversário que, se muito, é apenas arrumado e que já havíamos vencido na fase anterior, que não era nenhum bicho de sete cabeças. O time não jogou decisão como se deve jogar, não fomos Palmeiras nessa noite.

Foi um golpe duro em nossa alma palestrina. Tiraram-nos a chance de ver uma final contra um adversário tradicional após muitos anos. Pior, nos deixaram com mais um gosto amargo de humilhação em nossa boca, nos deixaram feridas profundas que demoram em cicatrizar – vejam, a ferida da derrota para o Goiás, que se assemelhou muito com a de ontem, ainda não foi cicatrizada, pelo contrário, ela voltou a doer forte. Assim como dói todas as eliminações contra pequenos da última década, onde as características foram as mesmas, com fraqueza de espírito e ausência da alma palestrina.

Essa derrota continuará nos atormentando por um bom tempo. Quarta-feira o cenário do jogo contra o Vilhena, no mesmo Pacaembú, será sombrio e desolador, para dizer o mínimo. Continuaremos firmes e fortes, mas com mais um golpe duro na alma palestrina. Não sei mais o que dizer ou qual seria a solução para tudo isso, hoje, apenas estou triste e sei que todos nós estamos enquanto palmeirenses.

Desculpem pelo desabafo, sou apenas mais um torcedor decepcionado. 

2 comentários

Òtimo texto, é o que todos nós torcedores do palmeiras estamos sentindo no momento.

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Essas eliminações estão ficando mais chatas que jogar na véspera do feriado de Corpus Christi.

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