Ode ao General Scolari

"Fica Felipão, e todos juntos, nós vamos pro Japão".

Em meus primeiros momentos de arquibancada, com 11 anos de idade, o grito acima me arrepiou até a alma. Ainda não tínhamos vencido a Libertadores de 99, mas a confiança no título vindouro era tanta que o cântico entusiasmado saía com facilidade da boca de todos os palestrinos. Foi uma época mágica para todos os palmeirenses e guardo sempre com carinho esse período.

Minha admiração por Luis Felipe Scolari, o maior técnico da história do Palmeiras, começou ainda quando ele estava no comando de um dos maiores rivais dos anos 90, o Grêmio. Felipão era um técnico que sabia como enervar o oponente, irritava a imprensa e não estava nem ai com o protocolo do politicamente correto do futebol. Mesmo sentindo raiva por ter sido o responsável por duas eliminações doloridas (Libertadores 95 e Brasileiro 96), eu nutria um profundo respeito por ele e desejava que um dia ele desembarcasse na Turiassu e fizesse história por aqui.

E fez. Desnecessário enumerar as inúmeras glórias conquistadas com o Felipão no Palmeiras entre o segundo semestre de 1997 até o final do primeiro semestre de 2000, foram tardes sensacionais e noites épicas, daquelas que sentimos profundo orgulho de lembrar. Com seu jeitão rudimentar e sem frescuras e Felipão me fez enxergar o futebol sob outra perspectiva, mostrou para todos que é um esporte para homens e não moleques, incendiando semanas pré-clássicos e fazendo com que o time se impunha em relação aos rivais mesmo quando eles tinham um elenco mais forte.

Saiu, conquistou o mundo, deixou saudades, vimos uma infinidade de técnicos fracassarem na casamata alviverde (exceto, talvez, o Luxemburgo do primeiro semestre de 2008) e dez anos após a saída voltou. Comemorei muito, o comandante que mais tinha personificado a alma palestrina estava de volta.

Na volta para a casamata alviverde, os tempos infelizmente eram outros. Com um material humano bem menos qualificado, cercado de inaptos e com um ambiente podre a disposição (claro, somado com os próprios erros de percurso do próprio Felipão), o período entre junho de 2010 e setembro de 2012 foi muito menos doce do que aquele do fim dos anos 90.

Mas mesmo com as campanhas erráticas na segunda passagem, Felipão ainda foi o maior responsável pela nossa última grande alegria enquanto palestrinos. Mesmo com todas as apostas jogando contra e com um catado de jogadores medíocres e descompromissados, Felipão fez com que a noite de 11 de julho de 2012 fosse uma das mais felizes da minha vida, de muitos amigos que acompanharam comigo esse dia (e outros jogos da campanha) e também a de muitos outros palestrinos espalhados por todo o mundo. Muitos por reviverem - ainda que por uma campanha isolada - um momento de glória nacional como há muito não víamos e outros por desfrutarem pela primeira vez o grito de "campeão".

Claro, ele teve sua parcela de culpa no rebaixamento (como muitos outros tiveram), mas no caso dele eu consigo perdoar justamente por todos os motivos citados acima e também porque era o único que tentava reverter a situação. Ele não merecia ter saído de uma forma tão ruim quanto saiu e dadas as circunstâncias, a demissão dele em nada ajudou - caímos do mesmo jeito. E notamos o carinho dele com o Palmeiras mesmo com ele fora, como na conquista da Copa das Confederações pela CBF, onde ele fez questão de lembrar da emoção que sentiu ao levantar a taça no Couto Pereira pelo Palmeiras, algo que particularmente me emocionou (mesmo não estando nem ai para a seleção da CBF). 

Felipão é um dos homens que mais admiro no futebol, um dos grandes responsáveis pelas maiores alegrias enquanto palestrino e é mais que um ídolo, é a personificação de um espírito palestrino na beira do campo. Me sentia culpado por ter escrito pouca coisa a respeito dele desde que começamos com o Palestra em Campo, então corrijo essa injustiça. 

Obrigado por tudo Luis Felipe Scolari. O maior técnico da história do Palmeiras.

Por Marcus Vinicius, adepto do scolarismo até embaixo d'água.

Imagem que vale mais que mil palavras.

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